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CASO SANTO ANDRÉ
Acusado de ter mandado matar o prefeito Celso Daniel sai de penitenciária depois de decisão do STF
Gomes da Silva deixa prisão após 218 dias
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ITAPETININGA (SP)
Numa espécie de operação cinematográfica para impedir o acesso da imprensa, o empresário Sérgio Gomes da Silva, acusado de
ser o mandante do assassinato do
prefeito de Santo André, Celso
Daniel (PT), foi solto na tarde de
ontem, após 218 dias preso.
Gomes da Silva estava no Centro de Ressocialização do complexo penitenciário de Itapetininga
(163 km de SP), na ala onde os
presos cumprem pena em regime
semi-aberto -passam o dia fora
das celas desenvolvendo atividades, sendo que alguns deixam o
presídio para trabalhar. Ele foi denunciado pela Promotoria por
homicídio qualificado.
Gomes da Silva saiu às 16h55
sem falar com a imprensa, com a
cabeça coberta por um paletó. O
empresário deixou o presídio numa Pajero preta similar à que estava com Daniel no dia do crime,
com os vidros cobertos por película negra, acompanhado do advogado Adriano Sales Vanni.
Também estavam presentes os
advogados Roberto Podval e Odel
Antun, que chegaram ao complexo com os documentos da soltura
às 15h40. Vanni disse que o seu
cliente não atenderia a imprensa,
"que o tem tratado como culpado
desde o começo do caso".
A Pajero saiu em alta velocidade, escoltada por outros dois veículos- um Golf e um Xsara.
Depois de deixarem o complexo, o Golf e o Xsara se colocaram à
frente dos carros da imprensa.
Viajando em baixa velocidade, os
motoristas impediram ultrapassagens com fechadas, ocupando
toda a pista. Em alguns momentos, os veículos da imprensa foram obrigados a ir para o acostamento de terra. Alguns motoristas que vinham em sentido contrário chegaram a parar os seus
carros. A "perseguição" se deu
por cerca de 15 km.
Gomes da Silva foi solto por força de uma liminar, num pedido
de habeas corpus, concedida anteontem pelo presidente do STF
(Supremo Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim. Os advogados já haviam tentado a liberdade
do cliente, sem sucesso, em tentativas feitas ao TJ (Tribunal de Justiça de São Paulo) e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Jobim considerou que não havia razão para a manutenção da
prisão. No seu entendimento,
tanto o decreto da preventiva como as negativas das instâncias inferiores para libertação levavam
em conta a possível personalidade
perigosa do empresário, além do
clamor causado pelo crime.
A preventiva havia sido decretada no dia 10 de dezembro do ano
passado. O empresário se entregou à polícia no dia seguinte.
Daniel, amigo de Gomes da Silva, foi seqüestrado no dia 18 de janeiro de 2002. Os dois voltavam
de um jantar em São Paulo, numa
Pajero blindada. Dois dias depois,
o corpo do prefeito foi encontrado com sete perfurações de bala.
A Polícia Civil concluiu por crime comum. A pedido da família,
a Promotoria reabriu o caso. Gomes da Silva sempre negou ter
praticado o crime.
As testemunhas que o acusam
na Justiça, no entanto, se disseram "assustadas". Pelo menos
duas delas pediram para não testemunhar judicialmente. "Estamos apavorados", disse a empresária Rosângela Gabrilli, que denunciou um esquema de propina
envolvendo Gomes da Silva.
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