São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2004

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Perito de candidato do PP contesta laudo

DA REPORTAGEM LOCAL

O grafotécnico Celso del Picchia, contratado por Paulo Maluf, criticou ontem o trabalho dos dois peritos contratados pelo Ministério Público de São Paulo, que, há dois dias, atribuíram ao ex-prefeito as assinaturas em documentos bancários no exterior.
"Eu não concordo com o laudo de Edmundo Braun, mas respeito porque ele é da área. Mas o do Ricardo Molina... Ele trabalha com fonética. Não dá para colocar o Felipão para ser o técnico de uma equipe de vôlei", disse Picchia.
A divergência começou anteontem, quando Braun e Molina divulgaram laudos que contrariavam o de Del Picchia.
Os peritos analisaram uma carta escrita em inglês e dirigida ao Banco UBS de Zurique (Suíça), datada de 16 de dezembro de 1996, último mês de Maluf como prefeito de São Paulo (1993-1996). Pelo texto, pede-se a transferência dos valores depositados em nome da White Gold Foundation para um conta aberta em Londres em nome da Durant International. A carta é uma fotocópia. A original está guardada no UBS de Zurique.
De acordo com o Ministério Público, a carta, que foi enviada ao Brasil pela Justiça da Suíça, prova que Paulo Maluf tem conta no exterior. O ex-prefeito, no entanto, nega e atribui as acusações a perseguição política.
Del Picchia, contratado por Maluf, disse que não é possível dizer se a carta é verdadeira ou falsa, já que se trata de uma fotocópia.
"É uma temeridade dizer que o documento é original com base nesta fotocópia. O meu laudo é conclusivo no sentido de que não se pode concluir", disse Del Picchia. E completou: "Se o original existe, para que essa celeuma?".
A coletiva do perito ontem foi acompanhada por Maluf.
Os dois peritos contratados pelo Ministério Público informaram, anteontem, não terem dúvida de que a carta foi assinada por Maluf. Molina afirmou não existir indícios de falsificação do material.

Molina
A assessoria de Paulo Maluf distribuiu uma nota à imprensa informando que Molina foi demitido da Unicamp por suposto desvio de dinheiro público.
Procurado ontem pela Folha, Molina afirmou que apenas apontou os erros do laudo de Del Picchia. Disse ainda, de forma irônica, que compreende a "limitação" do colega, que teve uma formação do século 19.
Sobre sua situação na Unicamp, apresentou decisão judicial que suspendeu a demissão e o colocou de volta nos quadros de docentes da universidade.
"Não há nenhuma dúvida de que a assinatura é de Maluf", completou Molina, que já atuou em casos polêmicos (no laudo sobre o assassinato da deputada Ceci Cunha, em 1999, e na identificação de voz de Suzana Marcolino, namorada de Paulo César Farias, em 1996).
A Promotoria informou que o assunto está encerrado, tendo em vista as conclusões, segundo o órgão, "contundentes" dos dois peritos contratados pelo Ministério Público do Estado de São Paulo.


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