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Banco do Brasil rompe contrato com Valério
MARTA SALOMON
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O publicitário Marcos Valério
de Souza, apontado como operador do suposto "mensalão" pago
a políticos governistas, começou a
perder ontem seus principais
contratos com empresas estatais.
Numa espécie de reação em cadeia, o Banco do Brasil anunciou
a rescisão do negócio com a DNA
por meio de nota. Em seguida, os
Correios anunciaram a suspensão
das campanhas com a SMPB, primeiro passo para o rompimento
do contrato. A Eletronorte convocou a diretoria para discutir o assunto na segunda-feira.
DNA e SMPB são as duas principais empresas das quais Marcos
Valério é sócio. Além de deterem
as contas do Banco do Brasil, da
ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) e da Eletronorte, as agências também cuidam da
publicidade dos ministérios do
Trabalho, dos Esportes e da Câmara dos Deputados.
O contrato com o Banco do Brasil é o maior dos negócios das empresas de Marcos Valério com a
União. A concorrência mais recente foi ganha pela DNA em setembro de 2003, junto com a D+ e
a Ogilvy. Nos últimos anos, a
DNA vinha mantendo uma média de 40% das movimentações
da conta de publicidade do banco,
que prevê gastos de R$ 140 milhões em 2005. Em 2004, os gastos
alcançaram R$ 262 milhões.
"O Banco do Brasil já deu início
aos procedimentos administrativos indispensáveis à rescisão, de
acordo com a lei 8.666/93 [a Lei de
Licitações], notificando a empresa nesta data e suspendendo imediatamente a execução dos serviços", diz a nota do banco. As campanhas estavam suspensas desde
5 de julho.
O mesmo gesto, que antecede o
rompimento, foi seguido ontem
pela direção dos Correios. A ECT
contratou a SMPB em novembro
de 2003. A conta é dividida com as
agências Link e Giovanni. No ano
passado, a publicidade dos Correios gastou R$ 29,6 milhões. A
direção da empresa ainda analisa
fórmulas jurídicas para romper
formalmente o negócio.
Segundo a assessoria de imprensa do BB, o rompimento do
contrato com a agência decorre
do receio de que as investigações
envolvendo Valério e suas empresas prejudiquem a imagem da estatal. Segundo o banco, não haverá pagamento de multa pela rescisão porque o contrato prevê a hipótese de interrupção caso a
agência enfrente algum problema
que tenha "ampla divulgação" e
que "possa prejudicar o banco perante a opinião pública".
O contrato com a DNA também
é alvo de uma auditoria na Eletronorte. A empresa detém sozinha a
conta de publicidade da estatal,
que planeja investir mais de
R$ 12 milhões em campanhas
neste ano. Na segunda-feira, reunião de diretoria decidirá se o
contrato será mantido. Segundo a
Folha apurou, a tendência é seguir as demais estatais que têm
contratos com o publicitário.
Ministérios
O Ministério do Trabalho informou que o novo titular da pasta,
Luiz Marinho, também avalia a
suspensão do contrato. As campanhas já se encontram suspensas, e os valores devidos à DNA
vêm sendo depositados em juízo
em decorrência de uma dívida da
agência com o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), segundo
a assessoria.
A Secom (Secretaria de Comunicação do Governo e Gestão Estratégica) informou, por meio de
assessoria, que não deu nenhuma
orientação às estatais e demais órgãos da administração pública
para que suspendessem os contratos com as agências de Valério.
No Banco do Brasil, o rompimento do contrato com a DNA
acompanha outras mudanças na
área de marketing. Anteontem, o
diretor Henrique Pizzolato se
afastou do cargo. Pizzolato tinha
como padrinho Luiz Gushiken e,
segundo a secretária Fernanda
Karina Somaggio, manteria encontros freqüentes com o ex-chefe dela, Marcos Valério.
Pizzolato foi personagem de
uma das primeiras polêmicas do
governo Lula na área de publicidade, com a compra pelo Banco
do Brasil de R$ 73,5 mil em ingressos para um show que teve a
renda revertida para o PT. O dinheiro seria destinado à nova sede do partido, mas foi devolvido
depois que o caso veio à público.
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