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Diretora fazia saques, diz Rego
FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-tesoureiro da agência do
Banco Rural em Brasília, José
Francisco de Almeida Rego, disse
à Polícia Federal que a diretora-financeira da SMPB Comunicação,
Simone Vasconcelos, que mora
em Belo Horizonte, costumava fazer pessoalmente saques na agência do Brasília Shopping, mas não
levava o dinheiro consigo: ela assinava o recibo e listava os nomes
das pessoas que deveriam receber
as remessas.
Nessas ocasiões, os saques eram
fracionados em valores menores,
em geral de R$ 50 mil e R$ 100 mil.
Ainda segundo Rego, com a interferência de Simone, nem todos os
sacadores que retiraram dinheiro
na agência de Brasília precisavam
se identificar.
Em depoimento prestado à Polícia Federal em Brasília, no último dia 6, o ex-tesoureiro revelou
como a agência de publicidade da
qual Marcos Valério Fernandes
de Souza é um dos sócios remetia
recursos de uma agência do Rural
em Belo Horizonte para a agência
de Brasília. Autorizada pela Justiça Federal, a PF realizou busca e
apreensão sigilosa no Banco Rural, na noite de quarta-feira.
Normalmente, a agência de Brasília exigia cópia da carteira de
identidade dos sacadores e a assinatura em recibos. Esses documentos permaneciam durante
três meses na agência de Brasília e
eram remetidos, depois, para o
arquivo central do banco, em Lagoa Santa, região metropolitana
de Belo Horizonte.
O relato de Rego sobre a participação da diretora da SMPB coincide com declarações da ex-secretária de Valério, Fernanda Karina
Somaggio, prestadas à Comissão
de Ética e Decoro Parlamentar da
Câmara.
Somaggio, que está sendo processada por Valério sob a acusação de extorsão, disse à comissão
que, "quando o dinheiro chegava
à agência, ia para as mãos de Geiza [outra funcionária da agência]
ou da Simone e era dividido".
Quando depôs na PF em Belo
Horizonte, Simone negou ter conhecimento de "mensalões"
-suposto esquema de pagamento de mesadas pelo PT a parlamentares da base do governo. Ela
também negou que transportasse
dinheiro. Simone disse à PF que
fazia viagens a BSB para tratar de
assuntos da filial da SMPB.
A SMPB, por meio de sua assessoria, informou que Simone ficou
muito abalada depois que prestou
depoimento à Polícia Federal, e
não está concedendo entrevistas.
Por esse motivo, ela também não
teria aceito convite para prestar
depoimento à Comissão de Ética
da Câmara. Ainda segundo a assessoria, Simone acumula as funções de diretora financeira e administrativa da SMPB, e os pagamentos feitos em Brasília se destinavam a fornecedores da agência.
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