São Paulo, sábado, 16 de julho de 2005

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Diretora fazia saques, diz Rego

FREDERICO VASCONCELOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-tesoureiro da agência do Banco Rural em Brasília, José Francisco de Almeida Rego, disse à Polícia Federal que a diretora-financeira da SMPB Comunicação, Simone Vasconcelos, que mora em Belo Horizonte, costumava fazer pessoalmente saques na agência do Brasília Shopping, mas não levava o dinheiro consigo: ela assinava o recibo e listava os nomes das pessoas que deveriam receber as remessas.
Nessas ocasiões, os saques eram fracionados em valores menores, em geral de R$ 50 mil e R$ 100 mil. Ainda segundo Rego, com a interferência de Simone, nem todos os sacadores que retiraram dinheiro na agência de Brasília precisavam se identificar.
Em depoimento prestado à Polícia Federal em Brasília, no último dia 6, o ex-tesoureiro revelou como a agência de publicidade da qual Marcos Valério Fernandes de Souza é um dos sócios remetia recursos de uma agência do Rural em Belo Horizonte para a agência de Brasília. Autorizada pela Justiça Federal, a PF realizou busca e apreensão sigilosa no Banco Rural, na noite de quarta-feira.
Normalmente, a agência de Brasília exigia cópia da carteira de identidade dos sacadores e a assinatura em recibos. Esses documentos permaneciam durante três meses na agência de Brasília e eram remetidos, depois, para o arquivo central do banco, em Lagoa Santa, região metropolitana de Belo Horizonte.
O relato de Rego sobre a participação da diretora da SMPB coincide com declarações da ex-secretária de Valério, Fernanda Karina Somaggio, prestadas à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.
Somaggio, que está sendo processada por Valério sob a acusação de extorsão, disse à comissão que, "quando o dinheiro chegava à agência, ia para as mãos de Geiza [outra funcionária da agência] ou da Simone e era dividido".
Quando depôs na PF em Belo Horizonte, Simone negou ter conhecimento de "mensalões" -suposto esquema de pagamento de mesadas pelo PT a parlamentares da base do governo. Ela também negou que transportasse dinheiro. Simone disse à PF que fazia viagens a BSB para tratar de assuntos da filial da SMPB.
A SMPB, por meio de sua assessoria, informou que Simone ficou muito abalada depois que prestou depoimento à Polícia Federal, e não está concedendo entrevistas. Por esse motivo, ela também não teria aceito convite para prestar depoimento à Comissão de Ética da Câmara. Ainda segundo a assessoria, Simone acumula as funções de diretora financeira e administrativa da SMPB, e os pagamentos feitos em Brasília se destinavam a fornecedores da agência.


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