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ELEIÇÕES 2006 / LEGISLATIVO
Com bancada enfraquecida, PT usa Lula para puxar votos
Com nomes fortes atingidos pelo mensalão, partido vai "esconder" parlamentares na TV
Partido orienta diretórios a utilizar o horário de propaganda eleitoral de deputados para exaltar atuação do governo federal
LILIAN CHRISTOFOLETTI
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Acuada pelos sucessivos escândalos envolvendo congressistas do PT, a direção nacional
do partido decidiu "esconder"
os candidatos a deputado estadual e federal e apostar no carisma do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como o grande
puxador de votos para as eleições parlamentares.
O PT nacional recomendou
aos diretórios estaduais que, no
horário da propaganda política
dos parlamentares, dêem
maior visibilidade às ações do
governo federal e reforcem a
importância de o presidente ter
uma base forte no Legislativo.
A idéia é incentivar o voto de legenda e desestimular a personalização da disputa.
A direção do partido avalia
que, como reflexo dos recentes
escândalos, nenhum dos candidatos terá potencial de puxar
votos de legenda. Ao contrário,
teme-se que a exposição de
candidatos citados no caso do
"mensalão", por exemplo, possa acabar provocando reação
contrária na opinião pública.
Campanha institucional
Nos programas de TV, em
vez da tradicional imagem dos
candidatos pedindo votos, terão destaque o aumento do salário mínimo e a redução do desemprego, por exemplo.
"Faremos uma campanha
mais institucional de defesa da
bancada federal e do próprio
partido. Os candidatos farão
aparições pequenas no horário
eleitoral, todos terão o mesmo
tempo de TV", disse o secretário-geral do PT de São Paulo,
vereador João Antonio.
Nem mesmo o presidente
nacional da sigla, Ricardo Berzoini, que tenta uma vaga como
deputado federal, terá tratamento diferenciado.
"Se o Berzoini tiver de responder pelo PT por conta de alguma agressão, irá falar, mas
sem pedir votos. Cada candidato terá de se virar para conseguir votos", disse João Antonio.
O atual cenário é muito diferente do vivido na eleição de
2002, quando José Dirceu, Antônio Palocci e José Genoino
desfilavam como alguns dos
políticos mais influentes do PT.
Dirceu teve os direitos políticos cassados por suposta participação no "mensalão"; Palocci
e Genoino, também acusados
de irregularidades, tentarão
uma vaga na Câmara dos Deputados de forma discreta e sem o
mesmo prestígio do passado.
Genoino, que conta com a
ajuda informal de Dirceu, disse
que fará uma campanha longe
dos holofotes. "Eu vou falar só
com o povo."
Palocci, que se afastou do reduto eleitoral dele, Ribeirão
Preto (SP), desde sua ida para o
Ministério da Fazenda, em
2003, espera herdar no Estado
os votos dos eleitores da ex-prefeita Marta Suplicy (PT),
que não é candidata e o apóia.
Mensaleiros
Em condição delicada estão
também os deputados petistas
João Paulo Cunha (SP), José
Mentor (SP), Professor Luizinho (SP), João Magno (MG),
Josias Gomes (BA) e Paulo Rocha (PA), todos citados como
beneficiários do "mensalão".
O partido acredita na eleição
de Palocci, de Genoino e de
João Paulo, que tem Osasco
(SP) como reduto.
"Não há constrangimento
em nenhuma das candidaturas,
todas são legítimas", disse Berzoini. "A diferença de enfoque
da campanha foi pautada pela
necessidade de reforçar a base
de apoio ao presidente Lula no
Congresso."
Perfil
Dezenove dos 22 deputados
do PT na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo vão
buscar a reeleição. Os demais
disputam uma vaga na Câmara
dos Deputados (Cândido Vaccarezza, Ítalo Cardoso e Renato
Simões).
Da lista geral de candidatos,
90 são homens e 17, mulheres.
Na Câmara dos Deputados, os
16 parlamentares paulistas do
PT vão buscar a reeleição. Entre os candidatos, 48 são homens e 9, mulheres.
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