|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Em SP, contratadas da CDHU são doadoras de 32 deputados
Na semana passada, Assembléia enterrou possibilidade de CPI ainda neste ano
Maioria dos parlamentares que recebeu é do PSDB (13) e do PT (8); total doado pelas empresas na campanha de 2006 foi de R$ 1,85 milhão
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um terço dos deputados estaduais da Assembléia Legislativa de São Paulo recebeu doações financeiras, durante a última campanha eleitoral, de empresas contratadas para realizar o programa de construção
de casas populares da CDHU
(Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano)
do governo paulista.
Na semana passada, a Alesp,
por meio de uma manobra regimental comandada pelo presidente da Casa, Vaz de Lima
(PSDB), enterrou a proposta de
se criar, ainda neste ano, uma
CPI para investigar supostas irregularidades na CDHU reveladas em inquéritos do Ministério Público e da Polícia Civil.
Dos 94 parlamentares estaduais eleitos em 2006, 32 (cerca de 34% do total) receberam
doações de 31 empresas que
mantêm ou mantinham, até o
início de 2007, algum tipo de
contrato no Qualihab, o principal programa da CDHU, criado
em 1996. As empresas despejaram nesse grupo de candidatos
vitoriosos R$ 1,85 milhão.
Esses contratos podem ser
objeto de apuração em caso de
instalação de uma CPI. Mas, à
exceção consórcio LBR/Tejofran, que teve dois funcionários
presos e liberados na região de
Pirapozinho, nenhuma dessas
empresas foi citada nas investigações do Ministério Público.
Ao todo, para candidatos a
vários cargos em diversos Estados, eleitos ou não, as empresas
contratadas pela CDHU doaram R$ 12 milhões nas últimas
eleições de 2006. Elas se dividem em construtoras, gerenciadoras, fundações e laboratórios que têm diferentes tarefas
no programa.
A Construtora OAS, que detém contrato com a CDHU assinado em setembro de 2006 e
com validade de um ano, lidera
o ranking de contribuições aos
deputados estaduais paulistas
eleitos, com R$ 845 mil.
Dos 32 deputados que receberam recursos nas suas campanhas, 13 são filiados ao PSDB,
partido que detém a maioria na
Assembléia, oito são do PT,
quatro, do DEM, dois, do
PMDB, dois, do PSB, e um do
PDT, do PPS e do PTB.
O presidente da Assembléia
entre março de 2005 e março
de 2007, Rodrigo Garcia
(DEM), recebeu doações pequenas (R$ 22 mil) se comparadas com o total declarado pela
campanha -cerca de R$ 1,3 milhão. Mas é significativo o número de doadoras com vínculo
com a CDHU. Foram dez: OAS,
Faleiros, Multimil, Saned, Comagi, Enger, Geribello, Setepla,
Sistema Pri e Sondotécnica.
Hoje secretário estadual de
gestão, o deputado Sidney Beraldo (PSDB), presidente da
Assembléia Legislativa entre
2003 e 2004, obteve R$ 63 mil
de quatro empresas contratadas pela CDHU. Ele declarou
um total de R$ 825 mil em doações na sua campanha.
Entre os petistas, as doações
mais volumosas foram para Rui
Falcão, ex-secretário de Governo da prefeita Marta Suplicy
(2001-2004). Sua campanha
recebeu R$ 150 mil da OAS e R$
5 mil da Planova.
Orlando Morando Júnior
(PSDB) recebeu R$ 508 mil
dessas duas empresas, sendo
R$ 358 mil da Planova. Isso representou quase a metade de
tudo o que ele arrecadou durante a disputa, R$ 1,08 milhão.
Colaborou CATIA SEABRA , da Reportagem
Local
Texto Anterior: Interesse por gado é novo na biografia de peemedebista Próximo Texto: Parlamentares negam que doação iniba CPI Índice
|