|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PF indicia filho de Sarney por suspeita de formar quadrilha
Fernando é principal alvo de ação iniciada para apurar suposto caixa 2 de Roseana em 2006
Empresário, que sempre negou suspeitas, é acusado de falsificar documentos para favorecer empresas
em contratos com estatais
João Sal/Folha Imagem
|
|
O empresário Fernando Sarney
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
HUDSON CORRÊA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUÍS
O empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
foi indiciado ontem pela Polícia
Federal sob a acusação, entre
outros crimes, de falsificar documentos para favorecer empresas em contratos com estatais. Pela investigação, o órgão
mais visado foi o Ministério de
Minas e Energia -controlado
politicamente por seu pai.
Principal alvo da Operação
Boi Barrica, nome de um grupo
folclórico maranhense, Fernando foi indiciado pelos crimes de formação de quadrilha,
gestão de instituição financeira
irregular, lavagem de dinheiro
e falsidade ideológica.
Ele foi ouvido pela PF, em
São Luís. Procurado pela Folha, nem ele nem seu advogado
quiseram dar entrevistas. Fernando sempre negou ter cometido qualquer irregularidade.
O inquérito foi aberto em
2006, inicialmente para investigar suspeitas de caixa dois na
campanha de Roseana Sarney
ao governo do Estado. Fernando fez dois saques de sua conta
pessoal no valor de R$ 1 milhão
cada um nos dias 25 e 26 de outubro daquele ano. O segundo
turno foi em 29 de outubro.
Contudo, no decorrer das investigações, que incluíram
grampos telefônicos realizados
com autorização judicial, foram levantados indícios de outros crimes atribuídos a Fernando, sobretudo de tráfico de
influência e fraude em licitações feitas por Eletrobrás, Eletronorte, Valec (estatal do Ministério dos Transportes responsável pela construção da
Ferrovia Norte-Sul) e Caixa.
Ele foi apontado como "o
mentor intelectual" da quadrilha que intermediava negócios
privados com as estatais, que
incluiria dois empresários ligados a ele -Gianfranco Vitorio
Artur Perasso e Flávio Barbosa
Lima. Os dois empresários foram sócios de Fernando e cursaram engenharia com ele na
mesma turma da USP.
Após monitorar telefonemas
e e-mails de Fernando, Flávio
Lima e Gianfranco Perasso, a
PF descreve no inquérito ter
flagrado um pagamento de R$
160 mil efetuado pela construtora EIT (Empresa Industrial
Técnica) à PBL Construtora, de
Lima e Perasso, supostamente
como compensação por ter sido subcontratada para obras na
Ferrovia Norte-Sul, por intermediação de Fernando.
O relatório da polícia transcreve telefonemas em que Flávio Lima pressiona a EIT a efetuar o pagamento, sob risco de
não ser contratada para outro
lote da Norte-Sul, cujo contrato
já estaria com Fernando.
Em agosto do ano passado, a
PF pediu a prisão preventiva de
Fernando e do agente da PF
Aluísio Guimarães Mendes Filho. Segurança de Sarney no Senado, Aluísio responde a outro
inquérito acusado de ter repassado informações sigilosas sobre a a Boi Barrica a Fernando.
O agente da PF, indicado por
Roseana neste ano para chefiar
a área de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do
Estado, foi ontem também à PF
em São Luís para depor.
O Ministério Público vai decidir agora se oferece ou não
denúncia contra Fernando
com base no trabalho da PF.
O indiciamento de Fernando
é outro revés para o presidente
do Senado, que enfrenta desde
março acusações de irregularidades dentro e fora da Casa.
Na época dos fatos citados
pela polícia e pelos procuradores, principalmente de 2006 a
2007, o ministro de Minas e
Energia era Silas Rondeau, apadrinhado de Sarney. Desde o
começo do governo Lula, o presidente do Senado mantém o
controle de grande parte das
indicações no setor elétrico.
Rondeau foi afastado do ministério em 2007, após ter sido
investigado na Operação Navalha. Rondeau também é apontado na Boi Barrica como integrante do esquema, mas a Folha não conseguiu confirmar se
ele foi ou não indiciado. Outro
aliado de Sarney alvo das investigações é Astrogildo Quental,
ex-diretor da Eletrobrás.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Outro lado: Empresário sempre negou acusações da PF Índice
|