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Lobby militar francês leva deputados a Paris
Temer e outros 7 congressistas foram convidados pela França, que tenta vender 36 caças ao Brasil, para festejos da Queda da Bastilha
Presidente da Câmara, que teve viagem e hospedagem pagas por seus anfitriões,
afirma que "houve um lobby
muito saudável e elegante"
ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
Oito deputados federais visitam Paris a convite do governo
francês, que tenta vender 36 caças Rafale ao Brasil.
Eles foram convidados pelo
Instituto de Altos Estudos de
Defesa Nacional, em nome do
governo da França, para participar das comemorações da
festa nacional da Queda da Bastilha, em 14 de julho, e discutir a
parceria militar com o Brasil.
Um dos deputados é o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP). "Estão, na
verdade, tentando nos sensibilizar. Esse convite foi um pouco
para isso ", afirmou Temer.
Também foram a Paris o líder do PSDB na Câmara, José
Aníbal (SP), o líder do PT, Candido Vacarezza (SP), o líder do
DEM, Ronaldo Caiado (GO), o
presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional,
Raul Jungmann (PPS-PE), a vice-presidente da Comissão de
Relações Exteriores da Câmara, Maria Lúcia Cardoso
(PMDB-MG), e os deputados
Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e
Carlos Zarattini (PT-SP).
Segundo os próprios deputados, todas as despesas de viagem e hospedagem foram pagas pelos anfitriões. Eles estão
no requintado hotel Lutetia, no
turístico bairro de Saint Germain de Près, com diárias que
vão de 192 a 535.
Temer disse que o tema dos
caças Rafale foi abordado em
diversas reuniões com representantes do Executivo e do
Legislativo franceses.
O assunto apareceu sobretudo, afirmou o deputado, em
reunião na manhã de ontem,
no Palácio do Eliseu, com o almirante Edouard Guillaud,
chefe do estado maior particular do presidente da República.
A mensagem do governo francês é a de que a construção dos
caças será feita com transferência total de tecnologia.
Assessores que acompanharam a reunião afirmaram, ainda, que Guillaud também comentou as vantagens do Rafale
em relação a seus concorrentes, o F-18 Super Hornet, da
americana Boeing, e o Gripen
NG, da sueca Saab.
Questionado sobre o jogo de
bastidores, Temer disse: "Houve um lobby muito saudável e
elegante, porque é um interesse de ambas as partes".
Além das reuniões com representantes do Legislativo e
Executivo, os deputados brasileiros também participaram de
uma apresentação sobre o Rafale na sede da Dassault, empresa que fabrica os caças.
Para Jungmann, a parceria
com a França na aérea de defesa é importante para o Brasil.
"É a possibilidade de acessar
uma tecnologia de primeiro
mundo, o que os americanos
não fazem. Eles não liberam o
código fonte, não liberam a plataforma, não aceitam o processo de desenvolvimento."
Jungmann também confirmou que houve diversas discussões específicas sobre o Rafale, mas preferiu falar em
"tentativa de sensibilizar" os
brasileiros a citar o lobby francês. "Eles sabem que nós não
temos nenhum poder de decisão. Mas evidentemente que
querem mostrar que, ao lado
do produto Rafale, a França está oferecendo tecnologia."
A ação dos deputados em relação às compras militares está
ligada ao fato de que o dinheiro
para isso sairia do Orçamento
da União, que precisa ser aprovado no Congresso.
Na terça-feira, os deputados
acompanharam o desfile militar da Queda da Bastilha na tribuna de honra, onde estavam o
ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy. Jobim está em
Paris para negociar o financiamento de contratos para aquisição de equipamentos militares. Ele visita hoje a linha de
montagem da Dassault e deve
voar em um caça Rafale.
A missão dos deputados acaba hoje com a visita a uma base
aérea nos arredores de Paris.
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