São Paulo, Sexta-feira, 16 de Julho de 1999
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PAINEL

Comendo...

Se confirmadas as mudanças ministeriais previstas ontem, o PFL será o maior ganhador na reforma engendrada pelo PSDB: não perdeu nada e fez dois aliados em postos-chave.

...pela borda

Pedro Parente, que deve ir para a Casa Civil, é hoje dos burocratas mais próximos a ACM em Brasília. O pepebista Pratini de Moraes (cotado para a Agricultura) foi indicado por Jorge Bornhausen, que já o levara para o governo Collor em 92.


Ufa!

A saída de Renan Calheiros da Justiça livrou o país de correr ao dicionário a cada discurso: depois de súcia, corvejante e almocreves, Calheiros pretendia recorrer a "afronesia" (loucura, demência) para classificar a marcação cerrada que lhe foi imposta pelo PSDB.

Anticlímax

Reação de um industrial paulista à provável ida de Clóvis Carvalho para o Ministério do Desenvolvimento: ""FHC está resolvendo o seu problema (encontrar um lugar para o amigo), e não o do país".

Constrangimento

A recusa de ao menos cinco advogados ao convite para o Ministério da Justiça, completada por Manuel Alceu Ferreira ontem, indica a que ponto chegou o prestígio do governo FHC -sobretudo na área jurídica.

Caxangá

Para desgosto do Itamaraty, a área de comércio exterior deve ser incorporada ao Ministério do Desenvolvimento na gestão Clóvis Carvalho. Já os segmentos de álcool e café devem ir para a pasta da Agricultura.

Especialista em tudo

Pratini de Moraes é dos ministros mais versáteis da República: esteve à frente da Indústria e Comércio com Médici, das Minas e Energia com Collor, e, agora, deve ir para a Agricultura. Não sobrou área da economia sobre a qual ele não tivesse algo a dizer.

Longe daqui

O contêiner com a mudança de Robério Silva, auxiliar de Celso Lafer no Desenvolvimento, chegou anteontem ao Brasil, vindo de Londres -onde ele morou por anos. No mesmo dia, Silva teve que entregar o cargo. Ontem, ligou para o porto e mandou reembarcar tudo, dessa vez para os EUA.

Palavras ao vento

Não durou um dia a intenção de FHC de escolher os novos ministros sem consultar os partidos políticos. O presidente se submeteu a vetos (exemplo: Pimenta da Veiga na Justiça) e entregou nas mãos do PMDB de Goiás a escolha de um nome para a Ciência e Tecnologia.

Discurso e prática

Na reunião que teve com o segundo escalão do PMDB, o próprio FHC disse que escolheria os ministros por cima das estruturas partidárias. Por isso teria convidado o líder no Senado, Fernando Bezerra, sem consultar ninguém. Na realidade, Bezerra é nome que compõe com Jader Barbalho.

Nitroglicerina pura

FHC prometeu o comando do Banco do Nordeste para Fernando Bezerra (PMDB-RN) aceitar o que seria o Ministério da Integração Nacional. É crise anunciada: a Fazenda divulgou nota negando a transferência, e Tasso Jereissati (CE) não abre mão do controle do banco.

Deixa falar

Andrea Calabi estava ontem no Banco do Brasil quando surgiram boatos de que ele poderia ir para o BNDES ou para o Ministério do Orçamento. Entre confirmar e desmentir, o presidente do BB preferiu calar. Boato a favor não se desmente.

Outro lado

A SPTrans, empresa paulistana de transportes, argumenta que contratou emergencialmente a Gocil, firma de segurança investigada pelo Ministério Público, depois de pesquisa de preços. E que com isso economizará 34,7% em relação ao contrato anterior.

TIROTEIO

Do deputado federal Delfim Netto (PPB-SP), ironizando o resultado da reforma ministerial arquitetada pelo PSDB:
- No ranking dos partidos, o PPB ficou em primeiro lugar. Isso porque o PFL é "hors-concours".

CONTRAPONTO

Caras, mãos e bocas
A reunião dos governadores ontem em Aracaju (SE) foi confusa, como sempre. Havia desde os que queriam aprovar uma nota de apoio a Fernando Henrique até os enraivecidos com o presidente.
No meio da balbúrdia, Mão Santa (PMDB), o pitoresco governante do Piauí, começou a fazer uma digressão sobre sua carreira política e o relacionamento com vários presidentes:
- Primeiro foi o Sarney, que foi muito bom. Daí foi o Collor, que não foi tão ruim assim. Depois veio o Itamar. E agora, o Fernando Henrique, que está sendo o pior de todos.
O governador emendou um relato de quanto o Piauí já havia pago ao governo federal por causa da dívida. Foi aparteado por Ronaldo Lessa (PSB), governador de Alagoas, que começou a reclamar da mesma coisa.
Mas Mão Santa não permitiu a comparação alagoana:
- Vocês pelo menos têm a Thereza Collor. Só aquele sorriso paga metade dessa dívida...

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