|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Não palpite na política, diz Lula a FMI
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PT a presidente,
Luiz Inácio Lula da Silva, endureceu o discurso oposicionista e disse ontem à noite, em comício no
Rio, que o país precisa de um líder
para dizer ao FMI que "não dê
palpite na política brasileira" e ao
governo americano que "a Alca
[Área de Livre Comércio das
Américas] é uma política de anexação [do Brasil pelos EUA]".
Rebatendo as críticas de que
não teria experiência administrativa para ser presidente, Lula afirmou que "o Brasil não está precisando de um ex-prefeito, de um
ex-governador", mas de "um líder" que "tenha caráter, honradez
e poder de comando".
"O que o povo espera de um político é liderança para poder dizer
ao FMI: "Olha, não dêem palpite
na política brasileira porque aqui
quem manda é o povo brasileiro'", disse. "Para dizer para o governo americano: "Do jeito que
vocês querem a Alca, nós não
queremos, porque a Alca não é
uma política de integração, é uma
política da anexação". Nós não
queremos ser anexados, nós somos um país livre e soberano."
O duro discurso contra o FMI
havia inicialmente sido feito apenas pelo candidato da Frente Trabalhista à Presidência, Ciro Gomes. Assumindo uma postura de
ataque -que vinha evitando-
contra seu rival mais próximo nas
pesquisas eleitorais, Lula afirmou
anteontem que Ciro tenta "construir uma imagem de oposição".
Mais cedo, Lula havia cobrado
mais clareza de FHC a respeito
das soluções apresentadas para
sair da crise -em resposta à cobrança, por FHC, de clareza por
parte dos candidatos de oposição.
"Quem está precisando demonstrar clareza é o presidente da República. Até agora, a única coisa
que ele disse é que foi ao FMI."
Novas regras
O PT considera que medidas tomadas anteontem pelo Banco
Central como a modificação das
regras para avaliação de fundos
de investimento são um sinal de
que o governo está "correndo
atrás do prejuízo", por estar consciente das limitações do acordo
para conter a alta do dólar.
"A impressão inicial do governo
sobre o pacote mudou completamente. O BC sinaliza para a sociedade que está se mexendo e correndo atrás do prejuízo para tentar acalmar a situação", disse Guido Mantega, um dos principais
assessores econômicos de Lula.
Duas das medidas anunciadas
pelo BC são claramente dirigidas
a tentar conter a alta do dólar.
Uma delas é abandonar a "marcação a mercado" dos fundos, determinada em maio. Os fundos
voltam a ter seus valores registrados pela expectativa de desempenho futuro, e não pela performance atual, ditada pelo mercado.
A provável consequência imediata da medida será melhorar a
rentabilidade dos fundos, o que
desestimularia investidores de
migrar para o dólar, movimento
que tem ajudado a pressionar a
moeda norte-americana.
"O BC agora faz um remendo,
na tentativa de recuperar a credibilidade junto ao mercado. Mas
credibilidade é algo que não se recupera do dia para a noite, com
canetadas", declarou Mantega.
Outra das medidas que, segundo o PT, equivalem a uma "corrida atrás do prejuízo" é o aumento
do recolhimento de compulsório
bancário -ou seja, do dinheiro
que os bancos são obrigados a depositar no BC. Com menos dinheiro disponível no mercado,
haveria menor espaço para compra de dólares, contribuindo para
evitar a alta da moeda.
Texto Anterior: Dólar futuro cai enquanto tucano visita BM&F Próximo Texto: Governo vai atrás do prejuízo, diz PT Índice
|