São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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TRANSIÇÃO

Presidente critica "pessimistas" e afirma que, depois de tantas turbulências, brasileiros já são "pilotos de prova"

Brasil está acostumado a crises, diz FHC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para reforçar a estratégia de que a atual crise tem mais componentes políticos do que financeiros, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que os brasileiros, inclusive ele, depois de tantas turbulências, já viraram "pilotos de prova".
"Não tenho dúvida alguma, quanto ao nosso país, de que, a despeito de tudo que seja turbulência -já temos tantas, estamos acostumados, já somos pilotos de prova-, superaremos as dificuldades", afirmou FHC, em cerimônia de condecoração da Ordem Nacional do Mérito Científico no Palácio do Planalto.
O presidente também disse que o futuro não será como era imaginado antigamente, mas que está deixando frutos para outros governos e para a nação colher.
FHC voltou a fazer referência aos "pessimistas", sem citar nomes, que só procurariam obstáculos. De bom humor, ressaltou que se considera um otimista, capaz de ver as oportunidades.

Empresários
Na cerimônia foram condecorados os empresários Jorge Gerdau e Antônio Ermírio de Moraes, dos grupos Gerdau e Votorantim, respectivamente, que elogiaram o encontro que vai ocorrer entre FHC e os candidatos à sua sucessão, na próxima segunda-feira, em Brasília.
Além deles, foi condecorado Roberto Freire, presidente do PPS e coordenador político da candidatura de Ciro Gomes (PPS). Durante a cerimônia, Freire permaneceu ao lado de Ermírio. Segundo o senador, os dois não falaram sobre sucessão presidencial.
Anteontem, o empresário paulista disse em evento na Confederação Nacional da Indústria que não queria ver eleito um presidente "de pavio curto", numa referência indireta ao candidato do Frente Trabalhista, da qual faz parte o PPS de Freire e Ciro.
O senador disse que "Ciro tem firmeza nas suas posições e não vai cair em armadilha de atender a humores de agentes financeiros nacionais e internacionais".
Ontem, o empresário disse que não vê problemas em uma vitória da oposição, mas fez uma recomendação a todos os presidenciáveis: "Falem menos bobagem e acreditem mais no país".
Freire e o empresário também condenaram a liderança de Paulo Maluf (PPB) na sucessão do governo de São Paulo.
Gerdau deixou claro que não acha Ciro uma ameaça por prometer mudanças econômicas.

"Sofre com satisfação"
No início da noite, FHC elogiou a atuação do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, e a atuação do Ministério Público, durante cerimônia de inauguração do novo prédio da Procuradoria, em Brasília.
FHC afirmou que o Ministério Público exerce com brilhantismo a função dada ao órgão pela Constituição de 1988. "O que desejávamos, naquela altura, era, precisamente, que houvesse um Ministério Público independente, separado da Advocacia Geral da União", disse FHC. O presidente disse que sofre, às vezes, as consequências desta independência, mas que "sofre com satisfação porque vê que estamos construindo uma sociedade verdadeiramente democrática".
Em um discurso bem humorado, o presidente disse ter ficado com inveja do prédio e que Brindeiro "teve o cuidado de mostrar quase nada do local" para não despertar ainda mais o sentimento. A obra custou R$ 75 milhões.
Ao dizer que Brasília está deixando de ser uma cidade branca, "como que a buscar inspiração, quem sabe, lá na acrópole grega", para se tornar uma cidade colorida, FHC arrancou risos afirmando que não gosta da cor vermelha com que foi pintado um hotel em frente ao Palácio da Alvorada. "Não por ser vermelho, mas por tingir a brancura de Brasília", disse. Vermelho é a cor utilizada pelo Partido dos Trabalhadores.


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