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TRANSIÇÃO
Presidente critica "pessimistas" e afirma que, depois de tantas turbulências, brasileiros já são "pilotos de prova"
Brasil está acostumado a crises, diz FHC
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para reforçar a estratégia de que
a atual crise tem mais componentes políticos do que financeiros, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso disse ontem que os brasileiros, inclusive ele, depois de
tantas turbulências, já viraram
"pilotos de prova".
"Não tenho dúvida alguma,
quanto ao nosso país, de que, a
despeito de tudo que seja turbulência -já temos tantas, estamos
acostumados, já somos pilotos de
prova-, superaremos as dificuldades", afirmou FHC, em cerimônia de condecoração da Ordem
Nacional do Mérito Científico no
Palácio do Planalto.
O presidente também disse que
o futuro não será como era imaginado antigamente, mas que está
deixando frutos para outros governos e para a nação colher.
FHC voltou a fazer referência
aos "pessimistas", sem citar nomes, que só procurariam obstáculos. De bom humor, ressaltou
que se considera um otimista, capaz de ver as oportunidades.
Empresários
Na cerimônia foram condecorados os empresários Jorge Gerdau
e Antônio Ermírio de Moraes, dos
grupos Gerdau e Votorantim, respectivamente, que elogiaram o
encontro que vai ocorrer entre
FHC e os candidatos à sua sucessão, na próxima segunda-feira,
em Brasília.
Além deles, foi condecorado
Roberto Freire, presidente do PPS
e coordenador político da candidatura de Ciro Gomes (PPS). Durante a cerimônia, Freire permaneceu ao lado de Ermírio. Segundo o senador, os dois não falaram
sobre sucessão presidencial.
Anteontem, o empresário paulista disse em evento na Confederação Nacional da Indústria que
não queria ver eleito um presidente "de pavio curto", numa referência indireta ao candidato do
Frente Trabalhista, da qual faz
parte o PPS de Freire e Ciro.
O senador disse que "Ciro tem
firmeza nas suas posições e não
vai cair em armadilha de atender
a humores de agentes financeiros
nacionais e internacionais".
Ontem, o empresário disse que
não vê problemas em uma vitória
da oposição, mas fez uma recomendação a todos os presidenciáveis: "Falem menos bobagem e
acreditem mais no país".
Freire e o empresário também
condenaram a liderança de Paulo
Maluf (PPB) na sucessão do governo de São Paulo.
Gerdau deixou claro que não
acha Ciro uma ameaça por prometer mudanças econômicas.
"Sofre com satisfação"
No início da noite, FHC elogiou
a atuação do procurador-geral da
República, Geraldo Brindeiro, e a
atuação do Ministério Público,
durante cerimônia de inauguração do novo prédio da Procuradoria, em Brasília.
FHC afirmou que o Ministério
Público exerce com brilhantismo
a função dada ao órgão pela
Constituição de 1988. "O que desejávamos, naquela altura, era,
precisamente, que houvesse um
Ministério Público independente,
separado da Advocacia Geral da
União", disse FHC. O presidente
disse que sofre, às vezes, as consequências desta independência,
mas que "sofre com satisfação
porque vê que estamos construindo uma sociedade verdadeiramente democrática".
Em um discurso bem humorado, o presidente disse ter ficado
com inveja do prédio e que Brindeiro "teve o cuidado de mostrar
quase nada do local" para não
despertar ainda mais o sentimento. A obra custou R$ 75 milhões.
Ao dizer que Brasília está deixando de ser uma cidade branca,
"como que a buscar inspiração,
quem sabe, lá na acrópole grega",
para se tornar uma cidade colorida, FHC arrancou risos afirmando que não gosta da cor vermelha
com que foi pintado um hotel em
frente ao Palácio da Alvorada.
"Não por ser vermelho, mas por
tingir a brancura de Brasília", disse. Vermelho é a cor utilizada pelo
Partido dos Trabalhadores.
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