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Comissão da Câmara aprova renovação da CPMF até 2011
Após sete horas de debate, deputados consideram que contribuição é constitucional
Emenda também prorroga pelo mesmo período a DRU, que permite ao governo gastar livremente 20% da arrecadação tributária
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sessão de sete horas da
CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, o governo obteve nova vitória para
prorrogar a cobrança da CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira), o
"imposto do cheque".
A CCJ aprovou a admissibilidade da emenda que estende
até 2011 a contribuição, que
vence em 31 de dezembro deste
ano. A emenda também prorroga por igual período a DRU
(Desvinculação das Receitas da
União), que permite ao governo
gastar livremente 20% da arrecadação tributária.
Isso significa que a CPMF foi
considerada uma contribuição
que não fere a Constituição. A
decisão de ontem chegou a ter o
apoio do PSDB. Foram 44 votos
a favor e 15 contra. Agora vem a
parte mais difícil: aprovar o
mérito da cobrança numa comissão especial e depois em
duas votações no plenário da
Câmara, com quórum qualificado de dois terços. Depois, o
processo se repete no Senado.
A CPMF rende R$ 40 bilhões
anuais e é considerada estratégica pelo governo. Para aprová-la, o governo pôs em funcionamento uma estratégia que inclui a liberação de emendas e a
nomeação de apadrinhados dos
aliados para o segundo escalão.
O relator do projeto, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi contemplado com a indicação do
ex-prefeito do Rio Luiz Paulo
Conde à presidência de Furnas.
No primeiro parecer, Cunha
encampara uma proposta de
divisão da CPMF com Estados
e municípios. Mas anteontem
ele desistiu do substitutivo,
embora negue que a nomeação
de Conde tenha relação com isso. Seu novo parecer prorroga a
contribuição e separa do texto
principal a emenda da partilha.
Assim, o governo poderá aproveitar só o que lhe interessa.
A sessão de ontem foi marcada por provocações e um racha
explícito na oposição. O DEM,
que quer o fim imediato da
CPMF, e o PSDB, que fala apenas em reduzir a alíquota de
0,38% para 0,20%, divergiram.
"Os tucanos melhoraram o
discurso, mas não é suficiente.
Tem que reduzir a alíquota a
zero. Nós, do Democratas, somos contra esse imposto", disse José Carlos Aleluia (DEM-BA). A seu lado, o líder do
PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP), reagiu: "Temos diferenças ideológicas com os Democratas. Não vamos encaminhar contra a admissibilidade
da CPMF. Seríamos totalmente incoerentes", declarou, em
referência ao fato de a contribuição ter surgido no governo
Fernando Henrique Cardoso.
Na base do governo, houve
quase uniformidade, demonstração de que o rolo compressor do governo tem funcionado. Apenas Marcelo Itagiba
(PMDB-RJ) votou contra.
Mas ficou claro que muitos
governistas aprovavam contrariados. "A CPMF é um tributo
ruim, exótico. Entretanto, a
compatibilidade com a Constituição é pacífica", afirmou Ciro
Gomes (PSB-CE), que disse
que quem tem visão contrária é
"leigo, ignorante ou idiota".
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