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Jornalista afirma que recebeu de Renan R$ 418 mil
ANDRÉA MICHAEL
SILVIO NAVARRO
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal adiou pela
segunda vez a entrega do laudo
que vai apontar se as fontes de
renda do presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
eram suficientes para bancar a
pensão alimentícia à jornalista
Mônica Veloso, com quem ele
tem uma filha de três anos.
A perícia é considerada peça-chave para o futuro do processo
contra Renan no Conselho de
Ética da Casa.
A entrega do laudo, prevista
para hoje, ficou para a próxima
segunda-feira. O motivo é que a
PF aguarda a chegada de um
novo lote de documentos, repassados pela jornalista, nos
quais consta o registro de que
ela recebeu do senador um total de R$ 418.853,20 no período
de 15 de março de 2004 até o último dia 5 de agosto.
Os documentos, aos quais a
Folha teve acesso, listam depósitos na conta dela e detalham
outros pagamentos, como serviços de duas empresas de segurança pessoal da jornalista, o
aluguel de uma casa em Brasília no valor de R$ 43.200, e as
duas remessas de R$ 50.000,
cujas versões dela e de Renan
são conflitantes. Mônica diz
que os dois repasses eram complementação à pensão. Renan
diz se tratar de um "fundo educacional" para a filha.
Os dados estão elencados em
um ofício, com 15 itens, elaborado pelo advogado da jornalista, Pedro Calmon.
O montante total apresentado por Mônica é próximo do
valor que Renan disse ter pago
a ela. A diferença é de cerca de
R$ 20 mil, que poderiam ser
explicados pelas próprias despesas com segurança pessoal.
No entanto, há uma lacuna
na qual a PF se debruçará, que
é a falta de coincidência de datas de saques na conta do senador no Banco do Brasil e de depósitos feitos por Mônica.
Com os documentos, os peritos vão organizar, em uma tabela mês a mês, o cruzamento
das receitas de Renan com os
valores recebidos pela jornalista. Assim, será apresentada a
resposta para uma das perguntas centrais enviadas pelo Conselho de Ética aos peritos, a de
número 25: se Renan possuía,
entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, "recursos suficientes para os pagamentos
que alega ter realizado".
Verba indenizatória
Ainda nesta fase da análise,
os peritos buscam resolver
questões técnicas, como a definição de padrões sobre o que
deverá ser considerado como
receita do peemedebista.
É o caso da verba indenizatória do Senado, de R$ 15 mil
mensais, que Renan incluiu como "origens de recursos" na
documentação enviada ao Conselho de Ética da Casa.
Para se ter uma idéia do impacto dessa fonte de renda, entre os anos de 2003 e 2006, o
senador recebeu em salário
R$ 545.887,80. No mesmo período, foram R$ 812.393,04 de
verba indenizatória. Os peritos
vão considerar parcialmente o
valor da verba.
Segundo a regra do Senado,
esse tipo de verba é paga a título
de reembolso para despesas relacionadas ao mandato parlamentar -gastos com escritório, combustível, etc. O regimento veda, por exemplo, que
esses recursos sejam pagos a
pessoa física.
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