São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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Jornalista afirma que recebeu de Renan R$ 418 mil

ANDRÉA MICHAEL
SILVIO NAVARRO

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal adiou pela segunda vez a entrega do laudo que vai apontar se as fontes de renda do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), eram suficientes para bancar a pensão alimentícia à jornalista Mônica Veloso, com quem ele tem uma filha de três anos.
A perícia é considerada peça-chave para o futuro do processo contra Renan no Conselho de Ética da Casa.
A entrega do laudo, prevista para hoje, ficou para a próxima segunda-feira. O motivo é que a PF aguarda a chegada de um novo lote de documentos, repassados pela jornalista, nos quais consta o registro de que ela recebeu do senador um total de R$ 418.853,20 no período de 15 de março de 2004 até o último dia 5 de agosto.
Os documentos, aos quais a Folha teve acesso, listam depósitos na conta dela e detalham outros pagamentos, como serviços de duas empresas de segurança pessoal da jornalista, o aluguel de uma casa em Brasília no valor de R$ 43.200, e as duas remessas de R$ 50.000, cujas versões dela e de Renan são conflitantes. Mônica diz que os dois repasses eram complementação à pensão. Renan diz se tratar de um "fundo educacional" para a filha.
Os dados estão elencados em um ofício, com 15 itens, elaborado pelo advogado da jornalista, Pedro Calmon.
O montante total apresentado por Mônica é próximo do valor que Renan disse ter pago a ela. A diferença é de cerca de R$ 20 mil, que poderiam ser explicados pelas próprias despesas com segurança pessoal.
No entanto, há uma lacuna na qual a PF se debruçará, que é a falta de coincidência de datas de saques na conta do senador no Banco do Brasil e de depósitos feitos por Mônica.
Com os documentos, os peritos vão organizar, em uma tabela mês a mês, o cruzamento das receitas de Renan com os valores recebidos pela jornalista. Assim, será apresentada a resposta para uma das perguntas centrais enviadas pelo Conselho de Ética aos peritos, a de número 25: se Renan possuía, entre janeiro de 2004 e dezembro de 2005, "recursos suficientes para os pagamentos que alega ter realizado".

Verba indenizatória
Ainda nesta fase da análise, os peritos buscam resolver questões técnicas, como a definição de padrões sobre o que deverá ser considerado como receita do peemedebista.
É o caso da verba indenizatória do Senado, de R$ 15 mil mensais, que Renan incluiu como "origens de recursos" na documentação enviada ao Conselho de Ética da Casa.
Para se ter uma idéia do impacto dessa fonte de renda, entre os anos de 2003 e 2006, o senador recebeu em salário R$ 545.887,80. No mesmo período, foram R$ 812.393,04 de verba indenizatória. Os peritos vão considerar parcialmente o valor da verba.
Segundo a regra do Senado, esse tipo de verba é paga a título de reembolso para despesas relacionadas ao mandato parlamentar -gastos com escritório, combustível, etc. O regimento veda, por exemplo, que esses recursos sejam pagos a pessoa física.


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