|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Cansei" sai da catedral após pressão da igreja
Arcebispo diz em nota que "não desautoriza movimento, mas não encabeça o protesto nem participa da sua organização"
Movimento solta nota após oposição da igreja, transfere ato do interior da catedral para Praça da Sé e reafirma ser apartidário e pró-Brasil
LEANDRO BEGUOCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O ato de amanhã do Movimento Cívico pelo Direito dos
Brasileiros, o "Cansei", não será dentro da Catedral da Sé. O
arcebispo de São Paulo, dom
Odilo Scherer, reprovou o fato
de o evento ter sido agendado
na igreja sem sua autorização.
O "Cansei" é liderado pelo
presidente da OAB-SP, Luiz
Flávio Borges D'Urso, e por
empresários. Após tomar conhecimento da posição do arcebispo, o grupo transferiu o
encontro para a Praça da Sé, em
frente à igreja. O ato deve contar com representantes de várias religiões para lembrar o
aniversário de um mês do acidente com o avião da TAM.
A mudança de local começou
a ser desenhada no meio da tarde de ontem, quando a assessoria de comunicação da Arquidiocese de São Paulo disse que
o ato não aconteceria dentro do
templo católico.
Por volta de 19h30, o "Cansei" também publicou nota e
comunicou a mudança de horário e lugar do evento. O encontro deve começar ao meio-dia, e
não mais às 13h, como divulgado nos novos cartazes do grupo
onde aparecem as apresentadoras Hebe Camargo, do SBT, e
Ana Maria Braga, da Globo, a
atriz Regina Duarte e a cantora
Ivete Sangalo.
Embora a igreja não tenha
usado a palavra "veto", o movimento justificou a transferência sob o argumento da "não autorização da Arquidiocese de
São Paulo para realização dentro da igreja".
No começo da noite, pouca
antes da nota do "Cansei", a
igreja divulgou nota mais amena. Afirmou apenas que a "autorização do uso da Catedral da
Sé não partiu do arcebispo dom
Odilo Scherer". Por telefone, a
assessoria afirmou que o arcebispo não vetaria o encontro,
mas "não gostaria que ele fosse
realizado dentro da catedral".
Em ambas as notas, a igreja
argumenta: "A arquidiocese
não desautoriza o movimento,
mas deixa claro que não encabeça o protesto nem participa
da sua organização".
A nota do "Cansei" termina
dizendo: "Reiteramos que o
movimento não se trata de um
ato político, mas de uma manifestação cívica de cidadania e
de amor ao Brasil".
Ontem, a Folha informou
que a organização do grupo não
consultara o arcebispo sobre a
realização do ato dentro da catedral. A autorização teria partido do padre responsável pela
administração da igreja.
O "Cansei" tomou forma
dentro do escritório do empresário João Doria Jr, que promoveu almoços para arrecadar
recursos para a campanha do
tucano Geraldo Alckmin à Presidência. Entre os slogans do
movimento estão frases como
"cansei do caos aéreo" e "de
CPIs que não dão em nada".
Argumentos e pressão
A igreja justificou a não-adesão ao protesto do "Cansei" ao
dizer que "a Arquidiocese de
São Paulo já participou do ato
inter-religioso pelas vítimas do
acidente da TAM e celebrou
missa pelos falecidos naquele
trágico acidente. Renova sua
solidariedade para com os familiares das vítimas, suas preces pelos que perderam suas vidas no acidente."
Ontem, ONGs como a "Educa São Paulo" protocolaram
cartas pedindo o veto do arcebispo ao ato do "Cansei" sob o
argumento de "uso político" do
templo. Blogs governistas na
internet pediam que simpatizantes do PT enchessem a caixa
de e-mails da igreja protestando contra a cessão do templo.
Texto Anterior: Trem da alegria: Casa Civil critica contratação de funcionário não-concursado Próximo Texto: "Não tenho tempo para andar com a elite", afirma Ana Maria Índice
|