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"Não tenho tempo para andar com a elite", afirma Ana Maria
DA REPORTAGEM LOCAL
Ana Maria Braga, apresentadora do programa "Mais Você",
da TV Globo, aderiu ao Movimento Cívico pelo Direito dos
Brasileiros, o "Cansei", e disse
que ficou muito "triste" com as
críticas contra o grupo, especialmente de elitismo.
"Pouco ando em rodas sociais de elite", disse Ana Maria à
Folha. "A elite sai à noite. Pego
no serviço às 5h30, não consigo
ir a lugar nenhum."
A apresentadora se define
como apartidária e afirma que
os principais problemas do país
são "segurança", "falta de honestidade" e "impunidade".
Ana Maria elogia o presidente Lula, mas faz uma ressalva:
não acha que os pobres estão
vivendo melhor atualmente.
Faz também uma proposta. Segundo ela, o país pode melhorar se os investimentos em
educação se concentrarem sobretudo nas meninas, "porque
a base da família é a mãe".
(LB)
FOLHA - Por que a sra. aderiu ao
"Cansei"?
ANA MARIA - Sou absolutamente
favorável a um movimento de
cidadania, não me furto a fazer
isso no meu programa.
FOLHA - Do que a sra. está mais
cansada no país?
ANA MARIA - Segurança, porque
qualquer cidadão não se sente
seguro em lugar nenhum. A honestidade com relação às atitudes; parece que é uma febre nacional, todo mundo quer ser
mais esperto e por isso levar
vantagem em cima das outras
pessoas. Acho que tem de acabar com a impunidade.
Muitas coisas não começaram neste governo, e o Lula
tem feito muitas coisas boas,
mas algumas delas não chegam
ao dia-a-dia das pessoas.
Ouvi, não sei citar o nome,
uma tese: se qualquer país pegasse todas as meninas em uma
faixa de 2 a 10 anos de idade e
desse para elas educação, saúde, encaminhamento, e garantisse que essas meninas, daqui a
20 anos, fossem as mães, mudaria o país. Porque a base da família, da educação, é a mãe.
FOLHA - O que a sra. tem achado
das críticas ao movimento?
ANA MARIA - Eu até me assustei.
Sou absolutamente apolítica,
apartidária. Fiquei muito triste
quando vi a coisa sendo encaminhada dessa forma, porque é
um sentimento geral. Não tem
classe social, salarial.
Eu pouco ando em rodas sociais de elite, não tenho tempo
para isso. A elite sai à noite, e
eu, à noite, durmo. Pego no serviço às 5h30, não consigo ir a
lugar nenhum.
FOLHA - A sra. tem alguma proposta para o movimento?
ANA MARIA - Não participei de
nenhuma reunião, dei o meu
apoio por conta de um sentimento coletivo. Cada um de
nós pode fazer, independentemente do valor do seu salário,
da sua classe social, cada um
pode ajudar o outro.
FOLHA - Analistas dizem que a
aprovação ao presidente Lula é alta
porque os pobres estão vivendo melhor neste governo. A sra. concorda?
ANA MARIA BRAGA - O pobre, o
mais necessitado, não depende
só da cesta básica para sobreviver, precisa também de saúde.
Não acho que seja isso, porque
falo com muita gente muito necessitada. Claro que não sirvo
de parâmetro de pesquisa, só
tenho o sentimento.
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