São Paulo, quinta-feira, 16 de agosto de 2007

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"Não tenho tempo para andar com a elite", afirma Ana Maria

DA REPORTAGEM LOCAL

Ana Maria Braga, apresentadora do programa "Mais Você", da TV Globo, aderiu ao Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, o "Cansei", e disse que ficou muito "triste" com as críticas contra o grupo, especialmente de elitismo. "Pouco ando em rodas sociais de elite", disse Ana Maria à Folha. "A elite sai à noite. Pego no serviço às 5h30, não consigo ir a lugar nenhum."
A apresentadora se define como apartidária e afirma que os principais problemas do país são "segurança", "falta de honestidade" e "impunidade". Ana Maria elogia o presidente Lula, mas faz uma ressalva: não acha que os pobres estão vivendo melhor atualmente.
Faz também uma proposta. Segundo ela, o país pode melhorar se os investimentos em educação se concentrarem sobretudo nas meninas, "porque a base da família é a mãe". (LB)

 

FOLHA - Por que a sra. aderiu ao "Cansei"?
ANA MARIA -
Sou absolutamente favorável a um movimento de cidadania, não me furto a fazer isso no meu programa.

FOLHA - Do que a sra. está mais cansada no país?
ANA MARIA -
Segurança, porque qualquer cidadão não se sente seguro em lugar nenhum. A honestidade com relação às atitudes; parece que é uma febre nacional, todo mundo quer ser mais esperto e por isso levar vantagem em cima das outras pessoas. Acho que tem de acabar com a impunidade. Muitas coisas não começaram neste governo, e o Lula tem feito muitas coisas boas, mas algumas delas não chegam ao dia-a-dia das pessoas.
Ouvi, não sei citar o nome, uma tese: se qualquer país pegasse todas as meninas em uma faixa de 2 a 10 anos de idade e desse para elas educação, saúde, encaminhamento, e garantisse que essas meninas, daqui a 20 anos, fossem as mães, mudaria o país. Porque a base da família, da educação, é a mãe.

FOLHA - O que a sra. tem achado das críticas ao movimento?
ANA MARIA -
Eu até me assustei. Sou absolutamente apolítica, apartidária. Fiquei muito triste quando vi a coisa sendo encaminhada dessa forma, porque é um sentimento geral. Não tem classe social, salarial. Eu pouco ando em rodas sociais de elite, não tenho tempo para isso. A elite sai à noite, e eu, à noite, durmo. Pego no serviço às 5h30, não consigo ir a lugar nenhum.

FOLHA - A sra. tem alguma proposta para o movimento?
ANA MARIA -
Não participei de nenhuma reunião, dei o meu apoio por conta de um sentimento coletivo. Cada um de nós pode fazer, independentemente do valor do seu salário, da sua classe social, cada um pode ajudar o outro.

FOLHA - Analistas dizem que a aprovação ao presidente Lula é alta porque os pobres estão vivendo melhor neste governo. A sra. concorda?
ANA MARIA BRAGA -
O pobre, o mais necessitado, não depende só da cesta básica para sobreviver, precisa também de saúde. Não acho que seja isso, porque falo com muita gente muito necessitada. Claro que não sirvo de parâmetro de pesquisa, só tenho o sentimento.


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