São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / RIO DE JANEIRO

Cabral pede ajuda do Exército na campanha eleitoral do Rio

Governador critica comandante militar do Leste por não ser muito "proativo"

Presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, diz que será preciso "identificar pontos de maior fragilidade" antes de levar as tropas ao Rio

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Um dia após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) autorizar o emprego das Forças Armadas nas eleições no Rio, o governador do Estado, Sérgio Cabral, enviou ontem ofício ao TSE pedindo tropas federais para atuar na segurança pública durante o período eleitoral "o mais breve possível". Ele disse que "seria um belo presente" se ficassem no Rio após a eleição.
O TRE (Tribunal Regional Eleitoral) apoiou a decisão. Até o início da noite de ontem, o Exército informou não ter recebido ofício do TSE requisitando sua atuação no Rio. No texto enviado ao presidente do TSE, Carlos Ayres Britto, Cabral diz que o governo é "favorável a qualquer medida que tenha por fim dar maior segurança aos seus habitantes" e que "a vinda de forças federais se soma ao esforço do nosso governo no combate à criminalidade".
"Gostaria que as forças federais viessem para cá o mais breve possível, para nos ajudar a combater a criminalidade e a garantir o ir e vir de candidatos e da imprensa. Vejo isso como uma parceria fundamental. E, de preferência, ficar para nos ajudar", disse Cabral: "O que o povo do Rio de Janeiro deseja é o combate à criminalidade, a tranqüilidade da sociedade e as forças federais podem colaborar muito. Já estão colaborando, mas vindo mais, vindo Exército, Marinha, Aeronáutica, Força Nacional, o que vier será bem-vindo para o Rio".
A decisão do TSE contrariou afirmação anterior de Ayres Britto, que não via necessidade da ida das Forças Armadas ao Rio. O TSE disse ter levado em conta documento em que o procurador-geral de Justiça do Rio, Marfan Vieira, descreve o cenário como "desolador".
Ayres Britto disse que irá fazer um trabalho de mapeamento para saber em quais áreas as Forças Armadas deverão atuar. Ele quer se reunir com os ministros Tarso Genro (Justiça) e Nelson Jobim (Defesa), além de representantes do Estado: "A idéia é identificar pontos de maior fragilidade estrutural, de maior dependência dessa influência nociva das duas forças, do tráfico e das milícias, de modo mais direcionado", disse.

"Ruído de convivência"
A Secretaria de Segurança não sabe se os militares ocuparão as favelas onde houve denúncias de que candidatos e jornalistas foram impedidos de circular ou se dará apoio ao TRE na fiscalização e retirada de cartazes de candidatos "únicos" em favelas. O secretário José Mariano Beltrame sempre foi contrário às Forças Armadas no patrulhamento ostensivo. Ele defende o apoio logístico e de inteligência. Beltrame reclama que o Exército nunca se prontificou a fornecer o material pedido pelo Rio para combater a criminalidade.
Cabral criticou o general Luiz Cesário da Silveira Filho, comandante do Comando Militar do Leste: "Aqui no Rio há um certo ruído de convivência, diria francamente, com o Comando do Exército local. Mas isso é um detalhe. A relação com o ministro da Defesa é muito boa, com o comandante do Exército é excepcional, com o presidente da República é pública e notória. O detalhe de o Comando Militar do Leste estar na mão de um general que não é muito proativo não compromete. Para o comando dessa operação virão outros oficiais das Forças Armadas".
Por meio do Centro de Comunicação do Exército, Cesário afirmou que "todos os pedidos que o governador fez para empregar o Exército em segurança pública foram em desacordo com o estamento jurídico e por isso não atendeu".


Colaborou a Sucursal de Brasília


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