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DATAFOLHA
74% querem o afastamento de Sarney
Desaprovação ao Congresso aumenta dez pontos percentuais na comparação com levantamento de maio e atinge 44%
Recorde negativo da taxa de reprovação do Legislativo, com 48% de ruim ou péssimo, foi alcançado em 2005, no auge do mensalão
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise do Senado, agravada
após a série de denúncias contra o seu presidente, José Sarney (PMDB-AP), levou o Congresso a atingir uma de suas
piores avaliações já registradas,
44% de ruim ou péssimo, revela
pesquisa Datafolha.
Segundo o levantamento,
74% dos brasileiros defendem
que Sarney deixe a Presidência
do Senado, sendo que 36% preferem um afastamento temporário e 38%, a renúncia dele.
Para 66% dos brasileiros, o
senador está envolvido nas irregularidades que atingem o
seu nome. Entre aqueles que
dizem estar bem informados
sobre esses casos, 86% acreditam no envolvimento dele.
Apenas 10% não acreditam que
o peemedebista tenha alguma
relação com as denúncias.
"A maioria da população tomou conhecimento das denúncias contra Sarney. Por conta
disso, a maioria acha que ele
deve se afastar. Como a crise do
Senado se arrasta há tanto tempo, isso acabou prejudicando a
imagem do Congresso", afirma
Mauro Paulino, diretor-geral
do Datafolha.
A maior parte das pessoas
(78%) diz ter tomado conhecimento das denúncias. É justamente a parcela que tem a pior
avaliação do Congresso (visto
por 51% como ruim ou péssimo). A desaprovação cresce
ainda mais entre os que afirmam estar bem informados sobre as denúncias (61%).
Já entre aqueles que não se
informaram sobre os casos envolvendo Sarney, apenas 23%
desaprovam o Congresso.
A nova pesquisa Datafolha é a
primeira após o agravamento
da crise no Senado. Nesse período, foram descobertos os
atos secretos utilizados, entre
outras coisas, para nomeações
e promoções de servidores.
A situação piorou com o surgimento de várias denúncias
contra Sarney, que vão de nepotismo a desvios de verba na
fundação que leva seu nome.
Sarney foi alvo, no Conselho
de Ética, de 11 pedidos de abertura de processo por quebra de
decoro. O presidente do colegiado, Paulo Duque (PMDB-RJ), arquivou todos os pedidos.
O auge da crise ocorreu no
começo do mês. Dois momentos foram marcantes: os ataques de Fernando Collor (PTB-AL) a Pedro Simon (PMDB-RS)
e a troca de insultos entre Renan Calheiros (PMDB-AL) e
Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Na semana passada, oposição
e base governista negociaram
um "acordão". Por ele, Sarney
se livraria das acusações, assim
como o senador Arthur Virgílio
(PSDB-AM), alvo de ação do
PMDB, que o acusa de ter quebrado o decoro por ter, entre
outras coisas, mantido funcionário-fantasma no gabinete.
Renan e mensalão
A desaprovação ao Congresso deu um salto de dez pontos
percentuais na comparação
com a última pesquisa, realizada em maio, quando 34% achavam o trabalho de senadores e
deputados ruim ou péssimo.
Hoje, 14% acham o desempenho ótimo ou bom, contra 19%
em maio. Para 36%, o desempenho é regular, ante 41% observado na pesquisa anterior.
A taxa de reprovação voltou
ao patamar de novembro de
2007, quando 45% diziam que
o Congresso era ruim ou péssimo. Naquele momento, o Senado acabara de passar por outra
crise, que culminou na renúncia de Renan da presidência.
O recorde negativo, de 48%
de ruim ou péssimo, foi observado em agosto de 2005, no auge do escândalo do mensalão.
Para a mais recente pesquisa,
o Datafolha ouviu 4.100 pessoas entre os dias 11 e 13 de
agosto. A margem de erro é de
dois pontos percentuais, para
mais ou para menos.
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