São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Tucano diz que o partido municia o procurador Luiz Francisco, que moverá ação contra empresários ligados a ele

Serra acusa o PT de "requentar" acusações

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidenciável do PSDB, José Serra, culpa o PT por acusações contra ele divulgadas no fim de semana. Serra acusa o partido de "requentar" casos supostamente já esclarecidos, com o objetivo de permitir sua utilização no horário eleitoral no rádio e na TV.
Serra diz que pretende discutir programas com o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva, mas declara que o PT "baixou o nível". Afirma que sua intenção ainda é a mesma, mas que pode mudar de idéia se a sigla enveredar pelo caminho do denuncismo.
No sábado, a Folha publicou uma reportagem segundo a qual Serra omitiu a propriedade de uma empresa em suas declarações à Justiça Eleitoral nas eleições de 1994, 1996 e 2002. O tucano afirma que declarou à Receita Federal, que seria o importante.
Na última sexta-feira, o procurador Luiz Francisco de Souza anunciou que moverá ação por improbidade administrativa contra dois empresários, Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregorio Marin Preciado. O primeiro já arrecadou fundos para campanhas de José Serra, e Marin é casado com uma prima do candidato tucano.
Ricardo Sérgio era diretor do Banco do Brasil quando a instituição aprovou "operações heterodoxas" e "atípicas", nas palavras de documentos internos, que favoreceram empresas de Marin. O nome de Serra deve ser citado na ação do procurador. O tucano acusa o PT de instrumentar o procurador, ex-militante filiado à sigla. Luiz Francisco diz que não se trata de uma ação política.
A três semanas da eleição, Serra vislumbra o dedo de adversários e inimigos políticos em ações contra sua campanha. Ele diz ter recolhido indícios suficientes de que sua vida e a de seus familiares foram investigadas por detetives contratados por esses inimigos.
No horário eleitoral na TV e no site do candidato na internet, um anúncio diz que "está sendo montada uma farsa em forma de denúncia" contra o tucano, para ser usada no horário eleitoral e que a campanha tentará impedir "que aventureiros venham a fazer uso eleitoreiro dessa farsa".
Embora Serra diga que pretende fazer um debate de alto nível com Lula, a campanha do tucano prepara o "desmonte" do candidato do PT, uma operação parecida com a que foi desencadeada contra Ciro Gomes (PPS) no horário eleitoral gratuito.
A idéia é mostrar Lula antes e depois, ou seja, alinhar as supostas incoerências do petista. Uma linha que já é seguida no site do tucano: "Aos sem-terra do MST [Lula] pede calma, pois tudo tem de ser feito para se ganhar as eleições; e aos criadores de zebu, acalma-os, assumindo o compromisso de "segurar o MST". E assim vai a campanha petista", dizia ontem.

PFL
Na noite de anteontem, o tucano recebeu o apoio de parte do PFL de Minas, que apoiava Ciro. Alguns setores do PPS mineiro também ensaiam uma aproximação. Favorito para ganhar a eleição para o governo do Estado, o deputado federal Aécio Neves (PSDB) aproveitou a viagem do candidato ao sudoeste mineiro para corrigir uma gafe.
Na semana passada, Aécio havia chamado Lula de "presidente", ato falho que logo tentou remediar, completando a expressão com um "do PT". Num comício em Passos, Aécio fez questão de chamar o candidato tucano de "presidente José Serra do Brasil". Fez isso mais de uma vez.
Em São Sebastião do Paraíso, numa cooperativa de produtos de café, Serra lançou dois programas de governo: "Leite para todos" e "A nova marcha do café". Segundo o programa, o leite "passará a fazer parte da política de preços mínimos" do governo federal.
Serra também prometeu uma política de garantia de preços mínimos para a cafeicultura, fortalecer o Conselho Deliberativo de Política Cafeeira e "partir para o ataque no front comercial".
Em um comício em Capelinha (MG), ainda ao lado de Serra, Aécio aproveitou para criticar o PT: "O trabalho dessa gente [do Vale do Jequitinhonha, a região mais pobre do Estado" demonstra que este não é o vale da miséria, como dizem alguns candidatos. Este é o vale do trabalho", disse, referindo-se veladamente a Lula.
E Serra completou: "Há um candidato que tem apresentado esta região como o vale da miséria. Não é vale da miséria, não. É vale do trabalho e da esperança".


Colaborou PAULO PEIXOTO, da Agência Folha, em Capelinha


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