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Padre Cícero está distante da canonização
DA AGÊNCIA FOLHA, EM JUAZEIRO
Tido como santo pelos
fiéis, padre Cícero Romão
Batista (1844-1934) está longe da canonização. Em vida,
o padre teve a ordem (sacramento que permite o exercício do sacerdócio) cassada
por insistir na existência de
um "milagre" negado pela
cúpula da Igreja Católica.
O suposto milagre foi o
que tornou Juazeiro do Norte um município (até então
era apenas um povoado) e
padre Cícero passou a ser venerado em todo o Nordeste.
Ao dar a comunhão a uma
de suas beatas, Maria de
Araújo, a hóstia teria surgido
cheia de sangue. O fenômeno teria se repetido várias
vezes. Médicos atestaram
que ela não mordia a língua.
Isso ocorreu em março de
1889. A Igreja, para comprovar o "milagre", enviou padres de outros locais para
comprová-lo. O fenômeno
sempre se repetia quando
padre Cícero dava a comunhão, mas não quando outro padre fazia o mesmo. Por
isso chegou-se à conclusão
de que não seria milagre.
A ordem foi negada a padre Cícero em 1892. Ele chegou a ir a Roma, em 1898, e
falou com o papa, mas não
teve êxito. A polêmica foi tão
grande que a Igreja, para evitar exames na beata, mandou que a isolassem. Após a
morte dela, o corpo foi levado para local até hoje ignorado. Hoje uma comissão da
Igreja reúne documentos
para tentar reabilitá-lo. Só
depois será possível abrir
um processo de beatificação
e, depois, de canonização.
Após ter a ordem cassada,
padre Cícero entrou na política. Foi o primeiro prefeito
de Juazeiro do Norte, de 1911
a 1917, e liderou uma revolução que depôs em 1914 o governador do Ceará.
(KF)
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