São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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SER OU NÃO SER?

Bornhausen sentiu-se desautorizado e ameaçou deixar a presidência do partido caso documento fosse levado adiante

PFL recua de abaixo-assinado pró-ACM

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A tentativa de setores do PFL de reverter o processo de expulsão do senador Antonio Carlos Magalhães (BA), por avaliarem que o partido sairá enfraquecido dessa crise, levou a legenda a um impasse ontem. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), sentiu-se desautorizado com um abaixo-assinado condenando a punição e ameaçou deixar o posto. O grupo recuou.
O partido já estava rachado, com a ala de Bornhausen fazendo oposição sistemática ao governo federal, enquanto a de ACM tem apoiado o Planalto. O estopim foi um jantar na última segunda-feira do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seis senadores pefelistas, capitaneado por ACM.
Em resposta ao encontro, foi pedida a expulsão do senador baiano pelo deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), em ação articulada com Bornhausen. A alegação é que ACM desrespeitou a diretriz partidária. A punição foi dirigida só a ele, pois articulou o jantar.
Também participaram do encontro os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) e os senadores do PFL César Borges (BA), Roseana Sarney (MA), Edison Lobão (MA), João Ribeiro (TO) e Rodolpho Tourinho (BA), além do senador Eduardo Siqueira Campos (TO), do PSDB.

Deixa-disso
No dia em que o pedido de expulsão foi protocolado, tanto aliados de ACM quanto de Bornhausen entraram em campo para tentar amenizar a crise. Começou então uma rodada de reuniões. A primeira foi jantar anteontem com Bornhausen, cinco senadores de seu grupo e o líder na Câmara, José Carlos Aleluia (BA).
Na ocasião, foram expostas a Bornhausen a avaliação de que a expulsão de ACM não seria uma boa saída para o partido e a intenção de encaminhar a ele um documento nesse sentido, assinado por senadores e deputados.
"O jantar foi desastroso. Ninguém apóia o que ACM fez, mas não apoiamos a expulsão pelo fato de ele ter jantado com o presidente Lula. É claro que a reação foi exagerada. Na verdade, pegaram o ACM pelo conjunto da obra, mas sou contra expurgos", disse o vice-líder do PFL, senador Demóstenes Torres (GO), que é do grupo de Bornhausen.
Há uma parte, no entanto, irredutível. "Aquela foto [de Lula com os pefelistas] é uma afronta à identidade do partido", disse o senador José Agripino (RN).
A reação de Bornhausen fez o grupo desistir, por enquanto, da apresentação do documento, redigido pelo senador César Borges (BA), aliado de ACM e candidato à Prefeitura de Salvador.
O abaixo-assinado contava no final da manhã de ontem com a assinatura de 7 dos 17 senadores, mas, segundo o grupo de ACM, poderia chegar a 12 apoios. Na Câmara, haveria a adesão de 33 dos 61 deputados.
Sciarra afirmou que a notificação de ACM foi encaminhada ontem ao cartório e deve chegar ao senador hoje, que terá oito dias para apresentar sua defesa, mas pode ignorar a notificação.

Novo jantar
Após receber o candidato do PFL, Lula dará um afago hoje no candidato petista à Prefeitura de Salvador (BA), Nelson Pellegrino, que será recebido à tarde no Planalto, junto com os deputados federais baianos do partido.
Borges está embolado nas pesquisas de intenção de voto com o candidato João Henrique (PDT), aliado do PSDB. Pellegrino está bem atrás, em terceiro lugar.


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