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SER OU NÃO SER?
Bornhausen sentiu-se desautorizado e ameaçou deixar a presidência do partido caso documento fosse levado adiante
PFL recua de abaixo-assinado pró-ACM
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tentativa de setores do PFL de
reverter o processo de expulsão
do senador Antonio Carlos Magalhães (BA), por avaliarem que o
partido sairá enfraquecido dessa
crise, levou a legenda a um impasse ontem. O presidente do PFL,
senador Jorge Bornhausen (SC),
sentiu-se desautorizado com um
abaixo-assinado condenando a
punição e ameaçou deixar o posto. O grupo recuou.
O partido já estava rachado,
com a ala de Bornhausen fazendo
oposição sistemática ao governo
federal, enquanto a de ACM tem
apoiado o Planalto. O estopim foi
um jantar na última segunda-feira do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva com seis senadores pefelistas, capitaneado por ACM.
Em resposta ao encontro, foi pedida a expulsão do senador baiano pelo deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), em ação articulada
com Bornhausen. A alegação é
que ACM desrespeitou a diretriz
partidária. A punição foi dirigida
só a ele, pois articulou o jantar.
Também participaram do encontro os ministros José Dirceu
(Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política) e os senadores
do PFL César Borges (BA), Roseana Sarney (MA), Edison Lobão
(MA), João Ribeiro (TO) e Rodolpho Tourinho (BA), além do senador Eduardo Siqueira Campos
(TO), do PSDB.
Deixa-disso
No dia em que o pedido de expulsão foi protocolado, tanto aliados de ACM quanto de Bornhausen entraram em campo para tentar amenizar a crise. Começou então uma rodada de reuniões. A
primeira foi jantar anteontem
com Bornhausen, cinco senadores de seu grupo e o líder na Câmara, José Carlos Aleluia (BA).
Na ocasião, foram expostas a
Bornhausen a avaliação de que a
expulsão de ACM não seria uma
boa saída para o partido e a intenção de encaminhar a ele um documento nesse sentido, assinado
por senadores e deputados.
"O jantar foi desastroso. Ninguém apóia o que ACM fez, mas
não apoiamos a expulsão pelo fato de ele ter jantado com o presidente Lula. É claro que a reação
foi exagerada. Na verdade, pegaram o ACM pelo conjunto da
obra, mas sou contra expurgos",
disse o vice-líder do PFL, senador
Demóstenes Torres (GO), que é
do grupo de Bornhausen.
Há uma parte, no entanto, irredutível. "Aquela foto [de Lula
com os pefelistas] é uma afronta à
identidade do partido", disse o senador José Agripino (RN).
A reação de Bornhausen fez o
grupo desistir, por enquanto, da
apresentação do documento, redigido pelo senador César Borges
(BA), aliado de ACM e candidato
à Prefeitura de Salvador.
O abaixo-assinado contava no
final da manhã de ontem com a
assinatura de 7 dos 17 senadores,
mas, segundo o grupo de ACM,
poderia chegar a 12 apoios. Na
Câmara, haveria a adesão de 33
dos 61 deputados.
Sciarra afirmou que a notificação de ACM foi encaminhada ontem ao cartório e deve chegar ao
senador hoje, que terá oito dias
para apresentar sua defesa, mas
pode ignorar a notificação.
Novo jantar
Após receber o candidato do
PFL, Lula dará um afago hoje no
candidato petista à Prefeitura de
Salvador (BA), Nelson Pellegrino,
que será recebido à tarde no Planalto, junto com os deputados federais baianos do partido.
Borges está embolado nas pesquisas de intenção de voto com o
candidato João Henrique (PDT),
aliado do PSDB. Pellegrino está
bem atrás, em terceiro lugar.
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