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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ DEPOIS DA CASSAÇÃO
Petebista diz acreditar que será o único deputado cassado porque PSDB teria feito acordo com PT para limitar as investigações
Jefferson vai ao STF, mas pede aposentadoria
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O ex-deputado federal Roberto
Jefferson (PTB-RJ) já recorreu ao
STF (Supremo Tribunal Federal)
para tentar derrubar sua cassação
pelo plenário da Câmara, mas
anunciou que vai requerer sua
aposentadoria como deputado.
Jefferson disse acreditar que ele
será o único deputado cassado.
Segundo ele, há um acordo entre
PSDB e PT para limitar as cassações e evitar investigações sobre o
dinheiro do publicitário Marcos
Valério de Souza repassado para o
senador Eduardo Azeredo
(PSDB-MG) e investigações sobre
os fundos de pensão: "Há um
acordo surdo entre o PT e o PSDB
para evitar o processo [de cassação] dos demais deputados".
Ontem, ele disse que o ministro
Walfrido Mares Guia (Turismo)
deve se desligar do PTB.
O pedido ao STF foi feito anteontem à noite. Segundo o advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, que assinou um mandado
de segurança impetrado no STF,
Jefferson não teve direito a ampla
defesa e ao contraditório.
Outra alegação é que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, autor da representação contra
Jefferson no Conselho de Ética, teria admitido, em depoimento, a
existência do "mensalão", mas o
relator do processo contra o petebista, Jairo Carneiro (PFL-BA), teria suprimido essa admissão.
Walfrido
Jefferson cobrou a saída de Walfrido do PTB: "Vou fazer um apelo para a minha bancada se afastar
do governo. Conversei com o ministro Walfrido e ele me disse que,
a partir do momento que eu fosse
criticar o presidente Lula, como
estou fazendo duramente, ele se
desligaria do PTB, porque ele ficaria no governo e sairia do partido.
E é hora de ele fazê-lo", disse.
"E se o PTB ficar atrelado ao governo por causa do Ministério do
Turismo, será um partido de traque", disse Jefferson, cassado anteontem por 313 votos a 156. Houve 13 abstenções, 5 votos brancos
e 2 nulos, além de 24 ausências.
Jefferson justificou os 313 votos
favoráveis à cassação. "São os 300
picaretas do presidente Lula, o 13
do PT (número do partido) e os
picaretas do PT. Eu só não sabia
que seria um número tão cabalístico." O ex-parlamentar, que vai
voltar a morar no Rio de Janeiro,
disse que já começou a arrecadar
os R$ 4 milhões que teriam sido
repassados pelo PT antes das últimas eleições: "Não fiquei com nenhum centavo. Os companheiros
que receberam o dinheiro vão me
ajudar a devolvê-lo por via legal".
Em entrevista coletiva, evitou
pedir a saída de Luiz Inácio Lula
da Silva. "Não quero o impeachment dele, não. Quero que ele vá
até o final. Cada dia, uma agonia,
a máscara do PT está caindo, e a
máscara do governo dele também. Se você interromper agora,
ele pode dar uma de Chávez [Hugo Chávez, presidente da Venezuela], dizer que está sendo perseguido pela direita e pelas elites,
que é um homem do povo."
O presidente licenciado do PTB
disse também que vai requerer
aposentadoria parlamentar. "Eu
preciso sobreviver a partir de agora. Vai ser difícil para mim daqui
para a frente." Ele ironizou os relatos de que Lula ficou aliviado
com a cassação: "No meu mandato, estava sendo um incômodo
muito grande para o governo".
Irônico, Jefferson comparou o
presidente Lula ao ex-presidente
do PT José Genoino. "Tenho para
mim que o presidente Lula é uma
espécie de Genoino. O Genoino
presidiu o PT sem ler o que assinou, não sabia o que acontecia no
partido, era avalista de empréstimo de milhões e não sabia. E o Lula é a mesma coisa, o que ele assina ele não sabe. E como ele é preguiçoso, ele delegou poderes ao
deputado José Dirceu."
Para Roberto Jefferson, Lula sabia da corrupção no governo. Ele
disse, contudo, que foi mal-interpretado em seu discurso anteontem: ele teria dito que assessores
de ministros, e não os próprios
ministros, receberam dinheiro.
Jefferson insinuou que o volume movimentado ilegamente por
integrantes do governo e deputados é bem maior do que está sendo divulgado. "Jamais imaginei
que dava R$ 2 bilhões, só no Banco Rural e BMG. E os fundos de
pensão? E a ação do Gushiken?
Por que o "japoronga" foi se esconder debaixo da saia da ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil)?."
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