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Origem do dinheiro do dossiê segue incógnita
Um ano após escândalo que marcou eleição presidencial, investigações na Justiça, na PF, no Ministério Público e no PT estão paradas
Não se conhece a fonte do
R$ 1,7 mi movimentado
por "aloprados'; inquérito
no STF aguarda votação,
e PT não puniu seus filiados
FÁBIO ZANINI
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na noite de 15 de setembro
de 2006, a prisão do petista
Valdebran Padilha e do assessor da campanha presidencial
Gedimar Passos com uma pilha
de dinheiro em um hotel de São
Paulo iniciou um mistério que,
um ano depois, permanece: de
onde veio o R$ 1,7 milhão que
seria usado para comprar um
dossiê contra tucanos?
No aniversário do dossiegate,
episódio que gerou uma crise
na campanha de Luiz Inácio
Lula da Silva para muitos determinante para a ida da eleição para o segundo turno e deu
origem ao termo "aloprados",
as investigações estão paradas
-na Justiça, na Polícia Federal,
no Ministério Público e no PT.
Foram muitos os personagens do escândalo. Jorge Lorenzetti, coordenador da área
de "inteligência" da campanha,
foi apontado como principal articulador da tentativa de divulgar denúncias contra o governador de São Paulo, José Serra
(PSDB), pela família Vedoin,
pivô da máfia dos sanguessugas. Ele não fala sobre o caso.
Oswaldo Bargas, amigo de
Lula desde os anos 70, e Expedito Veloso, na época diretor de
departamento do Banco do
Brasil, eram seus auxiliares. Ricardo Berzoini, coordenador
geral da campanha, acabou
afastado por ordem de Lula.
Em São Paulo, Hamilton Lacerda, um dos coordenadores
da campanha ao governo estadual do senador petista Aloizio
Mercadante, foi apontado como o responsável por carregar
o dinheiro.
O inquérito no qual foram investigados os emissários petistas ainda está no STF (Supremo Tribunal Federal), ao qual
chegou em dezembro de 2006.
No mês de abril passado, os
ministros entenderam que
Mercadante não tinha participação no episódio. Confirmaram, assim, o parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, que dizia não haver razão para manter a investigação na corte -a
única seria o descartado envolvimento do senador, que tem
direito a foro privilegiado.
O inquérito continua no STF
porque o ministro Gilmar
Mendes pediu vistas do processo para avaliar uma outra questão que ainda será votada: a PF
pode ou não conduzir inquérito
e indiciar investigados quando
se trata de autoridades com foro especial?
Para Antonio Fernando, a PF
não poderia, como fez no caso
do dossiegate, ter indiciado
Mercadante pela prática de crime eleitoral, sob o argumento
de que ele seria o principal beneficiado pela negociação.
O ministro Gilmar disse à
Folha que levará o processo à
votação no plenário do STF
nesta semana. Só então o inquérito voltará a tramitar na
Justiça Federal de Mato Grosso, no âmbito da qual a investigação deve seguir.
No PT, foi servida uma pizza.
Berzoini retornou à presidência do partido. Lorenzetti e Lacerda se desfiliaram. Teoricamente, há uma comissão de ética contra Bargas e Veloso. Na
prática, não funciona.
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