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OAB arquiva ação contra advogado de Dantas
Advogado que defende Nélio Machado no Supremo é o relator da absolvição dele em processo disciplinar movido na Ordem
Antonio Carlos Bigonha, presidente da ANPR, afirma que decisão é reprovável do ponto de vista ético, já que Toron é advogado de Nélio
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O criminalista Alberto Zacharias Toron, que advoga para
Nélio Machado num habeas
corpus que tramita no Supremo Tribunal Federal, conduziu
a absolvição dele em um processo disciplinar movido na
OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) por iniciativa da ANPR
(Associação Nacional dos Procuradores da República).
Conselheiro da OAB, Toron
foi indicado para relatar o processo, ou seja, julgar a pertinência da queixa. No relatório,
aprovado ontem pelo plenário
da ordem, ele classificou a representação de "esdrúxula" e
pediu seu arquivamento.
"Do ponto de vista ético, essa
situação é reprovável. Se Toron
é advogado de Machado no Supremo, ele não tem imparcialidade para avaliar a conduta disciplinar do colega. Não vou dizer que isso é esdrúxulo, pois
não cabe a uma entidade agir
assim, digo que é estranho",
disse o presidente da ANPR,
Antonio Carlos Bigonha.
Machado, que é advogado do
banqueiro Daniel Dantas, foi
representado pela associação
porque acusou o procurador
Rodrigo de Grandis de agir com
má-fé ao pedir o bloqueio de
um fundo de investimento do
banqueiro de R$ 535 milhões.
De Grandis é o procurador do
que investiga crimes financeiros atribuídos a Dantas.
Como Machado, Toron também advoga para um dos investigados na Satiagraha.
"Ao falar que o procurador
agiu de má-fé, Machado lhe
atribuiu um crime. De Grandis
cumpriu o dever legal e o advogado cometeu uma infração
disciplinar, por isso, recorri à
OAB", afirmou Bigonha.
"Se fôssemos nós, procuradores da República, a fazer isso,
seríamos acusados de corporativismo", disse o presidente.
Toron afirmou que nos dois
casos, no habeas corpus no Supremo e na relatoria do processo disciplinar, atuou a pedido
da ordem. Afirmou que foi chamado por ser o presidente da
Comissão de Defesa das Prerrogativas da Advocacia da OAB
-Machado é o vice dele.
"Não fui contratado por Nélio Machado. Eu represento o
Conselho Federal da OAB no
habeas corpus movido contra
vários advogados. No processo
iniciado pela ANPR, fui chamado por se tratar de uma questão
de prerrogativa. Não existe nenhum conflito", disse.
Machado e outros advogados
são investigados por suposto
vazamento de conversas telefônicas da Operação Furacão, que
prendeu bicheiros do Rio.
O presidente nacional da
OAB, Cezar Britto, disse que o
relatório foi aprovado pois entendeu que a ANPR agiu de forma política. "Eles nem pediram
o sigilo do processo."
Em nota, a OAB informou
que a sessão de ontem se transformou em um ato de apoio ao
defensor de Dantas, que foi
"aplaudido de pé". Gustavo Teixeira, sócio de Machado, disse
que Toron é advogado da OAB.
Milícia
No relatório, Toron elogiou
Machado. Disse ser intolerável
o que se faz em nome da repressão. "Agem como gangsteres,
bem como advertiu o ministro
Gilmar Mendes [do STF]", falou, sem citar nomes. A congressistas, Mendes disse que as
varas especializadas no combate à lavagem de dinheiro atuam
como "milícias".
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