São Paulo, quarta-feira, 16 de setembro de 2009

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Tudo como antes

Antes mesmo de receberem de volta o texto da reforma eleitoral modificado pelos senadores, os deputados já trabalham, num raro consenso pluripartidário, para recompor a versão original aprovada na Câmara. O ponto mais polêmico, que trata das restrições ao uso da internet na campanha, sofrerá no máximo uma "leve flexibilização", como explica um dos envolvidos na engenharia do texto, muito distante da liberação geral aprovada pelos senadores.
Estão fadadas a cair a emenda que proíbe a candidatura dos "fichas sujas" e a que intervém na metodologia dos institutos de pesquisa. Só vão sobreviver as doações ocultas, que agradam a partidos de A a Z.




Nem te ligo. E se os senadores pressionarem para fazer valer sua versão da reforma eleitoral? "Não vamos nem conversar com eles", encerra um líder da Câmara.

Verde-água 1. Depois de flertar com o PMDB e outras siglas, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, informou a empresários próximos que deve ingressar no PV, partido pelo qual poderia concorrer ao governo paulista, ao Senado ou a vice na chapa de Marina Silva. Como bônus, teria o apoio do PR de Valdemar Costa Neto.

Verde-água 2. Se confirmada, a filiação criará algum embaraço, pois a Fiesp faz lobby pesado contra a lei de mudanças climáticas que o governo enviou à Assembleia, notadamente no que diz respeito à meta de redução de emissões de gás carbônico.

Detalhe. O projeto, que deve ir a votação ainda neste mês, tornou-se mais duro por obra de uma emenda do PV encampada pelo Executivo.

Púlpito. De volta à agenda carregada de pré-candidata, Dilma Rousseff confirmou presença no Brasil Summit 2009, evento da revista "The Economist" que reunirá os principais executivos do país no dia 21 de outubro em SP.

Prazo esgotado. Michel Temer (PMDB-SP) deu ultimato aos líderes: ou os partidos indicam hoje os membros das comissões do pré-sal, ou o presidente da Câmara escolherá os nomes ele mesmo, em ordem alfabética.

Lição de casa. Temer quer mostrar que está empenhado em cumprir o prazo de 60 dias acertado com Lula para a tramitação dos projetos. Tudo para se credenciar como candidato a vice na chapa presidencial de Dilma.

Vai entender. De Jackson Lago (PDT), sobre a liminar de Eros Grau, no STF, suspendendo o andamento de processos de cassação propostos diretamente ao TSE: "Como aceitar que o mesmo TSE que tinha competência para cassar o meu mandato agora não pode cassar o de Roseana Sarney? Por que dois pesos e duas medidas em duas decisões proferidas pelo mesmo ministro? O povo do Maranhão ainda não conseguiu entender".

Babel. Para além da contradição apontada por Lago, a decisão de Eros tem como pano de fundo a insatisfação de vários ministros do Supremo com a condução recente do TSE. Não é à toa que seu presidente, Carlos Ayres Britto, estava subindo pelas paredes ontem. Vale lembrar que Eros abdicou há pouco tempo da cadeira que ocupava no TSE.

Um a um. A comissão de sindicância que investiga o envolvimento de deputados na venda de passagens aéreas encerrará seus trabalhos em no máximo duas semanas. Deve livrar Eugênio Rabelo (PP-CE) e recomendar ao Conselho de Ética a abertura de processo de cassação contra Paulo Roberto (PTB-RS).

Pano verde. Tem o sugestivo nome de João Dado (PDT-SP) o relator, na Comissão de Finanças e Tributação, da proposta que libera o funcionamento de bingos e abre brecha para legalizar também jogos de azar e cassinos.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

Roberto Watanabe, que se diz especialista em hidrologia e professor da Unicamp, não sendo nem uma coisa nem outra, mas militante do PT, deve ter sido orientador das teses de doutorado de Dilma Rousseff e Aloizio Mercadante.


Do tucano WALTER FELDMAN, secretário paulistano de Esportes, sobre as críticas de Watanabe à obra de ampliação da marginal Tietê.

Contraponto

Questão de hierarquia

O ministro da Educação, Fernando Haddad, participava de reunião na Câmara com líderes partidários e representantes de bancadas temáticas sobre o projeto que disciplina o funcionamento das fundações estatais.
Vários deputados pediram a palavra para criticar ou apoiar a proposta. Um representante da bancada evangélica não conteve seu entusiasmo:
-É maravilhoso! Posso dizer com certeza que esse projeto tem a aprovação de Deus!
O ministro concordou e foi além:
-Sim, e tem o meu apoio também!
A audiência caiu na gargalhada.


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