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CONTRA-REFORMA
PFL e PSDB apostam no desgaste do projeto oficial e tentam se credenciar como defensores de medidas ousadas
Oposição apresenta sua proposta tributária
GUSTAVO PATÚ
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os senadores dos dois maiores
partidos de oposição, PFL e
PSDB, escolheram o dia de ontem
para apresentar suas propostas de
alteração da reforma tributária.
Em comum, pefelistas e tucanos,
minoritários no Senado, apostam
no desgaste do projeto oficial da
reforma e procuram se credenciar
como defensores de medidas
mais ousadas.
Os objetivos são semelhantes:
apontar que o governo Luiz Inácio Lula da Silva, diferentemente
do que prometeu na campanha
eleitoral, não se empenhou em
um projeto amplo de reforma
-ao mesmo tempo capaz de favorecer o setor produtivo e repactuar a divisão de receitas entre
União, Estados e municípios.
Já as estratégias foram diferentes. O PFL, com 17 dos 81 senadores e o discurso de defensor dos
contribuintes, divulgou uma lista
de emendas ao projeto aprovado
pela Câmara, a maior parte delas
suprimindo trechos do texto que
abrem brechas para o aumento da
carga tributária.
A bancada de 11 senadores do
PSDB, que se intitula "oposição
construtiva", apresentou um novo modelo de reforma, a ser executado em três etapas, baseado
nas teses mais consensuais entre
empresários e especialistas em tributação -projetos da mesma estirpe encalharam, nos últimos
anos, em obstáculos políticos.
Os dois partidos tiveram de responder à questão mais óbvia: por
que não apoiaram propostas semelhantes quando estavam juntos no poder, durante os oitos
anos do governo Fernando Henrique Cardoso?
"O PT na oposição apresentou,
em algum momento, alguma coisa parecida com isso?", questionou o líder pefelista no Senado,
José Agripino (RN), apontando o
documento do PSDB, de cuja divulgação participou. "Nós tivemos oito anos e fizemos muitas
reformas. No caso tributário,
avançamos no que foi possível para a época", disse o líder tucano,
Arthur Virgílio (AM).
Carga tributária
A proposta que resume o espírito das emendas do PFL encampa
um lobby empresarial: fixar na
Constituição um teto para a carga
tributária -de 35% do Produto
Interno Bruto, próximo dos patamares atuais, mas bem superior
aos cerca de 25% do PIB do início
da década passada.
O partido quer tirar da reforma
a prorrogação da CPMF, as contribuições sociais sobre produtos
importados, o IPVA sobre aeronaves e embarcações, as contribuições para limpeza urbana. Os
pefelistas empunham também
uma bandeira do antigo PT: a correção obrigatória, pela inflação,
da tabela do Imposto de Renda.
O PSDB defende, para 2007, um
objetivo que é quase unanimidade entre os especialistas: a criação
do IVA (Imposto sobre Valor
Agregado), que substituiria os
atuais IPI, Cofins, Cide, PIS, Pasep, ICMS e ISS, todos incidentes
sobre a produção e o consumo.
O IVA foi proposto em 1995 pelo governo FHC, que, no entanto,
trabalhou mais tarde para evitar
que a idéia prosperasse no Congresso. O problema básico da proposta é chegar a uma fórmula para a repartição de receitas entre
União, Estados e municípios.
"Buscamos uma proposta que
não seja agressiva para o governo
nem para os governadores e mais
voltada para a sociedade", disse o
senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). "Entre o PSDB e o PFL há
uma simbiose perfeita", segundo
o pefelista Agripino.
Também defensor do IVA, o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), ironizou: "A ambição deles de fazer
uma coisa mais ousada está só no
papel. No plenário [do Senado,
onde na segunda-feira foram ouvidos os governadores], vocês viram a reação dos governadores
do PSDB" -que rejeitaram as
mudanças na reforma propostas
pelo Senado.
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