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Maluf apóia Marta, mas veta adesivo no peito
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após sua pior derrota nas urnas,
o ex-prefeito Paulo Maluf (PP)
declarou ontem apoio à reeleição
da prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), apesar das rivalidades históricas com os petistas.
O anúncio, que contou com um
roteiro escrito pelo próprio Maluf
e com cópias de reportagens para
ilustrar determinadas frases, foi
marcado por uma gafe constrangedora cometida pelo candidato a
vice, vereador Salim Curiati Jr.
(PP), que pegou o ex-prefeito desprevenido ao sugerir que ele usasse um adesivo de Marta.
"Não, eu não vou pôr", reagiu
rápido Maluf, após dar um passo
atrás e levantar os braços. Depois
de alguns segundos de silêncio,
Curiati Jr. colou o adesivo que levava em seu próprio paletó.
Constrangido? Maluf garantiu
que não. Disse que a disputa lhe
oferece apenas duas opções -já
que descarta de antemão votar no
adversário tucano, José Serra.
"Ou é Marta ou é votar em branco. Como não fico em cima do
muro, eu declaro em alto e bom
som que eles [os petistas] foram
sempre meus adversários, mas
hoje não tem terceira escolha.
Acho que o melhor para São Paulo é Marta Suplicy", disse o ex-prefeito, sob o aplauso de cerca de
40 correligionários e assessores.
Razões
Durante cerca de 50 minutos,
Maluf se desdobrou para apresentar as razões de seu apoio ao PT e
o motivo de desaconselhar o voto
nos tucanos -a despeito dos 70%
dos eleitores malufistas que, segundo o Datafolha, disseram que
pretendem votar em Serra.
Outro fator que limita a importância do apoio de Maluf reside
em sua própria votação, a menor
que ele obteve em eleições majoritárias: ele obteve 734.580 votos -
11,1% do total de votos (11,9% dos
válidos). Antes disso, a pior votação do ex-prefeito na capital tinha
sido a da eleição de 2000, quando
ele alcançou 15,7% dos votos.
"Os meus eleitores, se eles forem ver os últimos 20 anos de disputas eleitorais, vão ter alguma
dificuldade [em votar no PT].
Mas não é esse o problema que se
discute hoje", disse Maluf, que
completou: "Não é uma decisão
de emoção, mas de razão, que votem na candidata do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que votem na Marta para prefeita".
A razão que prevaleceu, disse,
foi a preocupação com o endividamento de São Paulo. "Os tucanos quebraram o Brasil, o Estado
e a Prefeitura de São Paulo."
Para Maluf, se Marta for eleita, o
presidente terá a "obrigação moral" de ajudar São Paulo. Se Serra
vencer, Lula "lavará as mãos", disse. "A eleição de Marta interessa a
todos os paulistanos que não querem ver a cidade falir." O ex-prefeito apontou ainda o que chamou de "incoerência" tucana. Em
2000, entre Marta e Maluf para a
Prefeitura de São Paulo, os tucanos apoiaram a petista. "Se ela era
ótima em 2000, agora não serve?"
Aos tucanos, disparou críticas.
Disse que Serra tem uma "ambição desmedida" e que São Paulo
irá perder com ele no governo.
Sobre as desavenças com o PT,
disse que as histórias estão em sua
memória e que "perdoa" as ofensas. "Meu amor por esta cidade
está acima de uma ou outra ofensa pessoal de alguém que estava
com a cabeça quente durante um
comício." Em 2000, Marta chamou Maluf de "nefasto" e ele a
acusou de "devassa".
Após repetir seguidas vezes não
ter conversado com Marta, disse
que o apoio dele à petista não faz
parte de um acordo firmado entre
o PT e o PP -em troca, Maluf seria beneficiado dentro dos limites
legais pela CPI do Banestado.
"A Folha quando publicou que
eu me encontrei com [o deputado] José Mentor (PT) me causou
muito aborrecimento. Eu adoro o
Mentor. Se ele quiser vir à minha
casa, terá tapete vermelho. Mas
não me encontrei com ele."
O indiciamento de Maluf pela
Polícia Federal na última terça-feira atrasou o anúncio do apoio
ao PT, previsto para o dia seguinte. O ex-prefeito foi indiciado sob
a acusação de lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de
quadrilha, sonegação e peculato.
Ele nega possuir contas no exterior. Sobre 2006, Maluf afirmou
que vai disputar a eleição.
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