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Renan admite a amigos que sua saída é definitiva
Presidente licenciado do Senado afirma que vai lutar para preservar seu mandato ou pelo menos os direitos políticos
Área jurídica da Casa avalia se há tempo para que o peemedebista renuncie; ontem à noite ele recebeu notificação do 3º processo
VALDO CRUZ
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O presidente licenciado do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), disse nos últimos
dias a amigos considerar sua
saída definitiva do cargo um
"fato consumado" e que, agora,
precisa trabalhar para "preservar" seu mandato ou pelo menos seus direitos políticos.
Abatido, Renan está recolhido e tem evitado aparições públicas. Ele analisa os prós e contra de uma renúncia imediata
ao cargo, antes mesmo do término de sua licença de 45 dias,
dentro de uma negociação para
evitar um processo de cassação.
Licenciado apenas do cargo,
Renan prometeu ontem a amigos voltar ao trabalho amanhã.
"Vou ocupar meu lugar no plenário", disse ele, de onde pretende articular sua estratégia,
que hoje não passaria por uma
renúncia ao mandato.
Aliados do peemedebista, porém, cogitam essa hipótese
dentro de um acordo com a
oposição que implicaria a retirada dos processos contra ele
em tramitação no conselho.
O debate de sua sucessão já
está em curso, apesar de o governo tentar evitá-lo. Antes visto só como interino, o senador
Tião Viana (PT-AC) ganha
apoio até no PMDB para suceder Renan definitivamente.
Numa primeira avaliação,
Renan ainda considera como
seu último trunfo a ameaça de
reassumir o comando da Casa
após seu período de licença
-forma de evitar ser abandonado pelo governo Lula, que
não quer mais confusões atrapalhando a votação da CPMF.
No Senado, a ala que defende
sua renúncia inclusive ao mandato acionou a área jurídica da
Casa para avaliar se ainda há
tempo para que ele renuncie
dentro de brecha legal: ele foi
notificado do primeiro processo, no qual foi absolvido, e do
segundo e do terceiro, nos
quais também teria chance de
vitória.
Mas não ainda dos processos
mais complicados, o quarto e o
quinto -uso de ministérios para arrecadar recursos e ordem
para espionar senadores-, nos
quais ele corre risco de cassação. Como ainda não foi notificado de nenhum deles, teria
ainda tempo para renunciar
preservando seus direitos políticos e tendo condições de se
candidatar novamente em
2010.
A renúncia de Renan se insere numa articulação governista
para evitar um confronto entre
PT e PMDB, os principais partidos da base aliada. Com Renan apenas licenciado da presidência, como atualmente, a vaga é do petista Tião Viana. Mas,
se ele renunciar, haverá uma
nova eleição e estará na mesa a
tese da proporcionalidade, pela
qual quem preside a Casa é o
partido majoritário -o PMDB.
Renan e Tião Viana conversaram ontem, mas não quiseram dar detalhes. Segundo a
Folha apurou, Renan ainda
avalia todos os cenários, sem
descartar a renúncia à presidência -considerada certa-
nem mesmo à do mandato.
A líder do PT, Ideli Salvatti
(SC), demonstrou preocupação
com a discussão sobre a sucessão de Renan. Segundo ela, antecipar a disputa irá contaminar a agenda do Senado e prejudicar a votação da CPMF.
Tião Viana voltou a sugerir
ontem que não há garantias de
que a presidência ficará com o
PMDB em caso de renúncia de
Renan. "Eu cumpro interinidade e quem quiser ser presidente
da Casa vai ter que construir a
maioria. O PMDB tem o direito
de pleitear a continuidade da
ocupação do cargo."
Ele afirmou que não irá mover "um milímetro" para permanecer no comando da Casa,
mas alguns peemedebistas começaram a elogiá-lo publicamente.
"Quem sabe se vossa excelência [Tião Viana] será só um
presidente interino? Se essa
responsabilidade não irá lhe
trazer outros desafios? Sarney
teve um governo de transição
que durou cinco anos", disse o
senador Garibaldi Alves
(PMDB-RN). José Sarney classificou Viana como "um grande
nome que todos nós respeitamos", em discurso no plenário.
Ontem, Renan avaliava mudar ainda hoje para um apartamento funcional.
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