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Popularidade não se transfere, diz consultor
Comandante da publicidade na campanha do atual presidente dos EUA, John Ralston afirma que apoio não é decisivo
Ben Self, que já se reuniu com a equipe de Dilma, também falou em evento ontem em SP, para plateia majoritariamente tucana
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Comandante da publicidade
na vitoriosa campanha presidencial de Barack Obama nos
Estados Unidos, o consultor
Jason Ralston disse ontem que
um líder popular não é capaz de
transferir totalmente votos para o candidato que apoia.
"É sempre preferível ter o
apoio de um líder popular a não
tê-lo. Mas creio que a popularidade de um líder não é transferível para outro candidato",
disse Ralston, definido pelo jornal "The Washington Post" como o "cérebro da publicidade
na campanha presidencial de
Obama".
Ralston foi questionado sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que vem batendo recordes
(67% de ótimo ou bom, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, realizada em agosto), e
sobre as tentativas do presidente de elevar os índices de intenção de voto da sua candidata
na eleição do ano que vem, a
ministra da Casa Civil, Dilma
Rousseff.
O cenário é bastante diferente do da última eleição presidencial dos Estados Unidos, no
ano passado, quando Obama
focou sua estratégia no conceito de mudança, centrando fogo
em um governo com baixo nível de aprovação, do então presidente George W. Bush.
Ralston argumentou com um
exemplo hipotético. Disse que,
caso a senadora e hoje secretária de Estado norte-americana,
Hillary Clinton, não disputasse
as primárias (processo interno
de escolha do candidato) do
Partido Democrata e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, declarasse apoio desde o
começo a Obama, isso não teria
sido decisivo.
"Ajudaria, é claro. Mas não
sei se nos levaria à vitória. É
melhor ter [o apoio], mas não é
um elemento decisivo." Ele disse que não faria mais comentários, por não ter muitos detalhes sobre o cenário brasileiro.
Ralston foi uma das estrelas
de "O Efeito Obama", seminário promovido pelo Grupo Santander Brasil. Senador pelo Estado de Illinois, Obama não era
favorito para ser o candidato
democrata na disputa pela Casa
Branca. Mas venceu a indicação interna, contra Hillary e a
forte máquina partidária dos
Clinton. Depois, bateu o republicano John McCain.
Segundo Jason, uma campanha deve "saber o que defende", "ter disciplina e comprometimento", "construir relações com os eleitores e fortalecê-las" e "usar tecnologia para
integrar esforços de seus comitês". Disse ainda que a velocidade de resposta a ataques adversários é muito importante.
Tucanos e petistas
Responsável pela estratégia
on-line da equipe de campanha
de Obama -considerada um
caso de sucesso- Ben Self foi o
primeiro palestrante de ontem.
Dezenas de marqueteiros, publicitários, militantes, especialmente do PSDB, assistiram ao
evento, que durou todo o dia.
Self fez uma apresentação
mostrando que, hoje, o nome
de José Serra é mais procurado
na internet do que o de Dilma
Rousseff, mas disse que isso
"não significa nada".
Ele se reuniu no mês passado
com Dilma, em encontro promovido pelo marqueteiro João
Santana, que faz as campanhas
petistas. Também se encontrou
com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e com o tesoureiro
Paulo Ferreira. Os petistas ouviram a experiência americana
na arrecadação, mobilização de
ativistas e convocação de comícios via internet.
Esse foi o tema da palestra de
Self ontem, mas ele se recusou
a falar sobre possíveis contratos no Brasil. "Não vou falar sobre clientes existentes ou em
potencial", afirmou.
Lembrou ainda que mais de
50% dos cerca de US$ 770 milhões da campanha de Obama
foram arrecadados via internet.
"Emoção e doação estão definitivamente ligados", disse.
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