São Paulo, sexta-feira, 16 de outubro de 2009

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Popularidade não se transfere, diz consultor

Comandante da publicidade na campanha do atual presidente dos EUA, John Ralston afirma que apoio não é decisivo

Ben Self, que já se reuniu com a equipe de Dilma, também falou em evento ontem em SP, para plateia majoritariamente tucana


FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Comandante da publicidade na vitoriosa campanha presidencial de Barack Obama nos Estados Unidos, o consultor Jason Ralston disse ontem que um líder popular não é capaz de transferir totalmente votos para o candidato que apoia.
"É sempre preferível ter o apoio de um líder popular a não tê-lo. Mas creio que a popularidade de um líder não é transferível para outro candidato", disse Ralston, definido pelo jornal "The Washington Post" como o "cérebro da publicidade na campanha presidencial de Obama".
Ralston foi questionado sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vem batendo recordes (67% de ótimo ou bom, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, realizada em agosto), e sobre as tentativas do presidente de elevar os índices de intenção de voto da sua candidata na eleição do ano que vem, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.
O cenário é bastante diferente do da última eleição presidencial dos Estados Unidos, no ano passado, quando Obama focou sua estratégia no conceito de mudança, centrando fogo em um governo com baixo nível de aprovação, do então presidente George W. Bush.
Ralston argumentou com um exemplo hipotético. Disse que, caso a senadora e hoje secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, não disputasse as primárias (processo interno de escolha do candidato) do Partido Democrata e seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, declarasse apoio desde o começo a Obama, isso não teria sido decisivo.
"Ajudaria, é claro. Mas não sei se nos levaria à vitória. É melhor ter [o apoio], mas não é um elemento decisivo." Ele disse que não faria mais comentários, por não ter muitos detalhes sobre o cenário brasileiro.
Ralston foi uma das estrelas de "O Efeito Obama", seminário promovido pelo Grupo Santander Brasil. Senador pelo Estado de Illinois, Obama não era favorito para ser o candidato democrata na disputa pela Casa Branca. Mas venceu a indicação interna, contra Hillary e a forte máquina partidária dos Clinton. Depois, bateu o republicano John McCain.
Segundo Jason, uma campanha deve "saber o que defende", "ter disciplina e comprometimento", "construir relações com os eleitores e fortalecê-las" e "usar tecnologia para integrar esforços de seus comitês". Disse ainda que a velocidade de resposta a ataques adversários é muito importante.

Tucanos e petistas
Responsável pela estratégia on-line da equipe de campanha de Obama -considerada um caso de sucesso- Ben Self foi o primeiro palestrante de ontem. Dezenas de marqueteiros, publicitários, militantes, especialmente do PSDB, assistiram ao evento, que durou todo o dia.
Self fez uma apresentação mostrando que, hoje, o nome de José Serra é mais procurado na internet do que o de Dilma Rousseff, mas disse que isso "não significa nada".
Ele se reuniu no mês passado com Dilma, em encontro promovido pelo marqueteiro João Santana, que faz as campanhas petistas. Também se encontrou com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e com o tesoureiro Paulo Ferreira. Os petistas ouviram a experiência americana na arrecadação, mobilização de ativistas e convocação de comícios via internet.
Esse foi o tema da palestra de Self ontem, mas ele se recusou a falar sobre possíveis contratos no Brasil. "Não vou falar sobre clientes existentes ou em potencial", afirmou.
Lembrou ainda que mais de 50% dos cerca de US$ 770 milhões da campanha de Obama foram arrecadados via internet. "Emoção e doação estão definitivamente ligados", disse.


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