São Paulo, quinta-feira, 16 de novembro de 2006

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Para senador, Lula foi o grande vencedor das eleições na Bahia

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Menos de dois meses após perder a hegemonia de 16 anos na Bahia e sofrer uma das maiores derrotas em seus 52 anos de vida pública, o senador Antonio Carlos Magalhães cita uma frase do filho e deputado federal Luís Eduardo Magalhães (morto em abril de 1998) para dizer que a vitória do petista Jaques Wagner ao governo estadual e a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não representam o fim do carlismo: "Não sou mágico".

 

FOLHA
- O sr. foi derrotado na última eleição. O sr. está infeliz com a vida e com o eleitorado?
ACM -
Não, porque tive na minha vida pública uma série de vitórias que me dá um crédito muito grande para perder uma ou outra eleição, mesmo que eu não tenha sido candidato, porque acho que o governador Paulo Souto [derrotado pelo petista Jaques Wagner] é sério, competente e merecia vencer a eleição. Não tenho como negar a minha derrota, como também não tenho como negar que o presidente Lula foi o grande vencedor no Estado.

FOLHA - Por que o PFL perdeu uma hegemonia de 16 anos na Bahia? Cansaço do eleitorado ou o fim da era ACM?
ACM -
O carlismo não acaba porque em todas as cidades, em todos os bairros, em todas as ruas, há a marca de ACM. Eu não descuido um segundo da política, trato bem o meu eleitorado e sou querido na Bahia. Se a Folha fizer hoje uma pesquisa, após a derrota do nosso grupo, o jornal vai constatar que estarei nos primeiros lugares de popularidade. O PFL perdeu porque não posso ganhar todas. Para resumir, quero citar uma frase do meu filho Luís Eduardo Magalhães: "Se eu pudesse, eu ganharia, mas eu tenho de perder uma, porque, se não perdesse, seria um mágico". E eu não sou mágico.

FOLHA - A família Sarney perdeu a eleição no Maranhão, o grupo político do sr. foi derrotado na Bahia. As chamadas oligarquias políticas estão mesmo com os dias contados?
ACM -
Oligarquia é uma classificação que os jornalistas dão a determinados políticos. Ora, eu seria um oligarca se houvesse um histórico em minha família, pessoas que fizeram carreira no sertão. Sou filho de um professor da Faculdade de Medicina da UFBa [Universidade Federal da Bahia], que teve apenas um mandato federal e, mesmo assim, não era um político de votos, era um intelectual. De uma vez por todas, não sou um oligarca. Fui deputado estadual, prefeito de Salvador, três vezes deputado federal, duas vezes senador, três vezes governador, ministro. Ou seja, ocupei os mais importantes postos da política. E sabe quem estava atrás de mim nisso tudo? Eu mesmo e o eleitorado baiano. Não quero ser conselheiro, como os oligarcas. Quero estar na ativa e disputar mais eleições.

FOLHA - A partir de 2007, o PFL somente governará o Distrito Federal. O seu partido foi o grande derrotado nas últimas eleições?
ACM -
Não, o PFL fez a maior bancada no Senado, apesar da redução na Câmara. Temos um grande número de prefeitos e vereadores. Em 1986, também tínhamos um governador [João Alves, de Sergipe] e recuperamos o poder político. Quem está na vida pública sabe que vitórias e derrotas são cíclicas.


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