São Paulo, sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Yeda se diz "traída" após pacote fiscal ser barrado

"Tenho que refazer a base aliada", afirma governadora

SIMONE IGLESIAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), disse ontem ter se sentido "traída" pelos deputados da base aliada que, anteontem, votaram contra o pacote de projetos que previa aumento de impostos. Ela afirmou considerar "inaceitável" o comportamento de parlamentares dos partidos PP, PTB, PMDB e DEM, que se aliaram à oposição liderada pelo PT.
Yeda foi derrotada por 34 votos a 0 (16 de deputados que integram a base aliada) na votação do projeto de elevação do ICMS. A Assembléia é formada por 55 deputados.
"O nome do que aconteceu pode ser traição. A Assembléia teve maioria [para rejeitar o pacote] com os votos de partidos que estão no dia-a-dia do governo e que se somaram a uma oposição radical", disse ela.
Yeda reunirá hoje o secretariado para avaliar a adoção de medidas para amenizar a situação financeira. Parte dos salários dos servidores vem sendo paga com atraso e o governo diz não ter recursos para o 13º.
"Haverá cortes, sim, e haverá dor. Os últimos acontecimentos me colocaram uma pulga na camisola. Já estou parcelando os salários e quero ver o que vou fazer daqui para a frente."
Entre as ações estudadas pelo governo, estão o corte de créditos presumidos e de incentivos fiscais a empresas.
A relação com os partidos aliados, estremecida após a derrota do pacote fiscal, será revista. Há a possibilidade de algumas legendas entregarem cargos que ocupam no governo, migrando para a oposição.
Dos nove deputados do PP, oito votaram contra o aumento do ICMS. O partido tem quatro secretarias. Entre a noite de quarta-feira e ontem, dois secretários colocaram seus cargos à disposição, mas Yeda não aceitou ainda as demissões.
"Tenho que refazer a base aliada, não tenho dúvida. Como vou fazer, tenho que consultar minha consciência e as pessoas que me cercam, até decidir de que maneira", disse.
O presidente estadual do PP, Jerônimo Göergen, reunirá a executiva na segunda para decidir pela saída ou não do governo. "Pessoalmente, acho que não há mais condições de ficarmos, por questão de coerência. Não demos ao governo o que ele queria. Mas vou reunir o partido porque esta é uma opinião pessoal e sei que muitos não concordam com ela."
PTB e PMDB também farão reuniões para discutir a permanência no governo.
Yeda fez críticas ao vice-governador, Paulo Afonso Feijó (DEM), que atuou pela derrota dos projetos. "O vice eu não sei como pensa, nem me interessa. Ele não se comporta como uma pessoa que tem função pública e institucional", disse a tucana.


Texto Anterior: [!] Foco: Lula promete ajudar UNE a reconstruir sede no Rio com projeto de Niemeyer
Próximo Texto: Após elogio, Chávez pede aplausos a Lula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.