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Defesa de Dantas usa estratégia agressiva para evitar condenações
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Em uma estratégia agressiva
para ganhar tempo e evitar
uma provável condenação em
primeiro grau que pode ser
sentenciada já na próxima semana, a defesa do banqueiro
Daniel Dantas tem lançado
mão de uma enxurrada de pedidos à Justiça. Somente neste
ano, os advogados do banqueiro entraram com mais de 30
habeas corpus e mandados de
segurança, entre outros requerimentos, em diversas instâncias jurídicas.
A profusão de liminares
questiona provas, critica a investigação policial e a participação de agentes da Abin
(Agência Brasileira de Inteligência) e chega a falar em vício
de origem, que se refere à coleta
das provas que teriam servido
de munição para iniciar as investigações da Operação Satiagraha, da Polícia Federal.
Dantas é investigado, entre
outras coisas, por supostos crimes de gestão fraudulenta, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e uso de informações
privilegiadas.
Os advogados discutem ainda, na própria Justiça, a isenção
de magistrados para julgar casos. Chegaram a solicitar que o
ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa não participasse de uma votação, a que decidia se mantinha ou não o habeas corpus que
garantia a liberdade do banqueiro -concedido em junho
pelo presidente da Casa, Gilmar Mendes.
O pedido era embasado no
fato de Barbosa ter discutido
publicamente um habeas corpus concedido por um colega a
Humberto Braz, apontado pela
Polícia Federal como o enviado
de Daniel Dantas em uma tentativa de suborno. Um dia antes
do julgamento, que manteve
Dantas livre, o STF decidiu não
atender ao pedido de Dantas.
Além deste episódio, os advogados do banqueiro questionam a isenção do juiz Fausto
De Sanctis, da 6ª Vara Federal
de SP, responsável pelos dois
pedidos de prisão de Dantas.
Por meio de exceção de suspeição (ação para declarar um juiz
impedido de cuidar de uma
causa), foi pedido seu afastamento do caso. A alegação é a
perda da imparcialidade, que
seria causada, segundo a defesa, por De Sanctis estar alinhado com a PF e a Procuradoria
para condenar o banqueiro.
O afastamento do juiz poderá
ser decidido amanhã [segunda-feira], antes mesmo de ele proferir a sentença.
Em 2005, a defesa de Dantas
tentou estratégia semelhante,
pedindo a anulação a decisão da
juíza Márcia Cunha, da 2ª Vara
Empresarial do Rio de Janeiro,
que afastou o Opportunity do
controle da Brasil Telecom.
Durante a Satiagraha, a queda de dois importantes personagens das investigações -o
delegado da Polícia Federal
Protógenes Queiroz, que coordenou a operação, e o diretor da
Abin, Paulo Lacerda- ajudou
na percepção de que existiam
problemas no andamento do
trabalho da Polícia Federal.
A polêmica, somada a manifestações públicas questionando a lisura do processo investigatório, até mesmo do Ministro
da Justiça, Tarso Genro, se tornou parte da munição da defesa
do banqueiro.
O advogado Nélio Machado,
que representa Dantas, afirma
que utiliza os meios legais para
combater as "ilegalidades" do
processo. "São os instrumentos
que a Constituição me confere
para lutar contra os desmandos", disse.
Um dos últimos pedidos dos
advogados de Dantas foi o cancelamento de todas as investigações e procedimentos jurídicos até que sejam julgadas liminares que contestam a participação da Abin e a utilização,
não confirmada pela PF, de informações colhidas de discos
rígidos do banco Opportunity
apreendidos em 2004, durante
a Operação Chacal.
Caso seja atendido, o pedido
poderá congelar as investigações por muitos anos.
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