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Carta de Lula anunciou "mudança de rota" e "salto" do PT, diz ministro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) disse ontem que os parlamentares expulsos do partido não entenderam o
"salto de qualidade" do PT, dado,
segundo ele, na campanha eleitoral que conduziu o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, no ano passado.
"Foi uma decisão correta", disse, referindo-se à expulsão da senadora Heloísa Helena (AL) e dos
deputados Babá (PA), Luciana
Genro (RS) e João Fontes (SE).
Gushiken afirmou que Lula sinalizou publicamente os novos
rumos do PT quando, em sua
campanha, assinou a "Carta ao
Povo Brasileiro", de junho de
2002, em que se comprometeu a
honrar os contratos do país.
"Naquele momento foi feita
uma sinalização pública sobre a
mudança de rota que o presidente
faria caso fosse eleito."
Segundo Gushiken, há pessoas
no PT que não entenderam a necessidade de mudar. É o caso, segundo ele, dos chamados radicais,
que votaram contra a orientação
da bancada no Congresso.
Para o ministro, esse descompasso é considerado comum. "Isso ocorre com muita frequência
em processos dinâmicos, quando
saltos de qualidade são rápidos e
as pessoas não estão acompanhando os acontecimentos no
mesmo ritmo."
Gushiken disse que o presidente
do partido, José Genoino, trabalhou para mediar as divergências
entre os radicais e o PT. "Houve
tentativas de mediação por parte
da direção do partido e isso me
pareceu uma postura correta."
Para Gushiken, os quatro congressistas expulsos "mantiveram
uma posição de rebeldia sem nenhum tipo de arrependimento ou
de flexibilização de atitude".
Marina Silva
A ministra Marina Silva (Meio
Ambiente) -que integra o Diretório Nacional, mas não participou da expulsão dos parlamentares- afirmou que não compareceu a nenhuma das três reuniões
feitas pelo partido neste ano para
deixar o PT "mais livre" para fazer
críticas ao governo.
"Não foi um procedimento adotado para esse assunto [a expulsão], mas para todas as reuniões
do diretório."
No entanto, Marina disse que,
por ser muito amiga de Heloísa
Helena, a quem trata como "quase irmã", não teria comparecido
de qualquer maneira à reunião.
"Eu procuraria uma forma de não
ter que participar dessa votação."
(GABRIELA ATHIAS)
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