São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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Aécio sofre poucas resistências para administrar Minas

Tendo até petista como aliado, tal o prefeito de Belo Horizonte, governo tucano enfrenta na oposição dez entre os 77 deputados

Nem o envolvimento de nomes do secretariado na apuração do valerioduto arranhou imagem de Aécio, que tem 76% de aprovação

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Possível candidato à Presidência da República, Aécio Neves (PSDB) encontra poucas resistências para governar Minas Gerais. Até mesmo dentro do principal partido de oposição, o PT, ele tem aliados -caso do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, com quem promove uma dobradinha administrativa.
Sobra a apenas dez deputados fazer oposição ao governador na Assembléia Legislativa. Um deles é do PC do B. Os outros são da bancada do PT. A Casa tem 77 parlamentares.
De resto, a maior parte dos demais partidos contribui para alimentar o marketing político do presidenciável, que é o governador mais bem avaliado entre os dez pesquisados pelo Datafolha. No semestre passado, foram várias inserções partidárias usadas para enaltecer a gestão do tucano. O PDT, por exemplo, falou da educação; o PP, do desenvolvimento; e o PTB, dos investimentos.
O programa do PPS rendeu até uma representação do PT na Justiça Eleitoral por "desvio de finalidade na propaganda partidária". Mas o PT perdeu.
Nem mesmo o escândalo do valerioduto (referente à campanha do PSDB mineiro de 1998), que envolveu nomes de seu secretariado, conseguiu arranhar a imagem de Aécio.
Segundo a pesquisa Datafolha, ele é aprovado por 76% dos mineiros, que consideram sua gestão ótima ou boa; 16% a consideram apenas regular; 5%, ruim ou péssima.
Em março deste ano, o índice dos que aprovavam o governo de Aécio era de 71%, e, em julho de 2006, ele estava em 69%.
Líder do PT no Legislativo, Elisa Costa diz que o governo Aécio está caracterizado pela forte relação com os empresários, o que leva o Estado a "desonerar o capital" na forma de incentivos e renúncias fiscais; no "controle forte da notícia, o que dificulta o contraditório"; e no "marketing muito forte".
Segundo ela, um problema que o governo nunca resolveu foi a pouca aplicação de recursos em assistência social e na saúde. Diz que o propalado choque de gestão se deu muito mais com aumento da receita de impostos do que propriamente com cortes de gastos, como apregoa o governo.
De positivo, ela aponta o fato de o Estado ter se aproveitado da melhoria da economia do país para aumentar a receita, o programa que interliga por asfalto mais de 200 municípios e o planejamento com os projetos estruturadores.
Já o sindicalismo reclama que o choque de gestão "retirou direitos" dos servidores. "Há uma visão mais empresarial do Estado que social", diz Renato Barros, um dos líderes do sindicalismo público estadual.
Na quinta-feira, Aécio fez um balanço dos cinco anos do governo. O choque de gestão e o equilíbrio fiscal foram as medidas que, segundo o tucano, permitiram ao Estado planejar melhor para poder "investir mais nas pessoas".
Ele destacou o valor dos investimentos com recursos do Tesouro estadual em 2008: R$ 4,8 bilhões -em 2003 havia déficit de R$ 2,4 bilhões. Neste ano, a maior obra em valor foi a do centro administrativo do Estado -quase R$ 1 bilhão.


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