São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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PT elege hoje presidente sem maioria

Vencedor terá de buscar composição com seus adversários para controlar o Diretório e a Executiva nacionais da sigla

Romênio Pereira, secretário de Organização do partido, afirma que "essa eleição comprovou que o antigo Campo Majoritário acabou"

DA REPORTAGEM LOCAL

O futuro presidente do PT, a ser escolhido hoje no segundo turno do PED (processo de eleição direta) do partido, terá de buscar uma composição com seus adversários para controlar o Diretório e a Executiva nacionais da sigla.
Na prática, nem Ricardo Berzoini, atual presidente, nem Jilmar Tatto, os dois candidatos, poderão repetir a hegemonia do período em que o ex-ministro José Dirceu, apoiado no extinto Campo Majoritário, controlava com mão-de-ferro o PT.
A composição de forças do novo diretório, feita com base na votação das chapas no primeiro turno, dia 2 deste mês, mostra que a corrente de Berzoni, a CNB (Construindo um Novo Brasil) terá 34 assentos entre os 81 disponíveis.
Das 18 vagas da Executiva, a CNB ficou com 8. O grupo de apoio a Tatto, formado por três correntes, terá 16 representantes no Diretório e 4 na nova Executiva Nacional.
"O presidente que vencer o segundo turno não terá maioria no partido. Essa eleição comprovou que o antigo Campo Majoritário acabou de vez", afirma Romênio Pereira, secretário de Organização do PT.
Berzoini é favorito para a eleição de hoje, principalmente após ter recebido declarações públicas de apoio de Lula e do ministro Tarso Genro (Justiça), nome mais importante do grupo Mensagem ao Partido, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno -vencido pelo atual presidente.
Apoiadores dos dois candidatos chegaram a ensaiar uma aproximação que poderia reeditar o Campo Majoritário, mas a proposta foi rechaçada por Berzoini e Tatto.
As principais divergências dos candidatos diz respeito à condução do partido rumo às eleições de 2010. Berzoini promete trabalhar pela construção de um nome petista para a sucessão de Lula, mas, se ele não se viabilizar, deve obedecer ao Planalto e apoiar um candidato da atual coalização governista.
Tatto, que conquistou o apoio no segundo turno de Valter Pomar, quarto colocado na fase inicial, é defensor de um candidato próprio do PT qualquer que seja o cenário.

Processos
Os dois candidatos são ou foram alvos de investigações da polícia ou do Ministério Público Estadual por supostos crimes.
Contra Tatto são pelo menos 21 procedimentos investigatórios abertos pela Promotoria da Cidadania. Os delitos que estão sendo investigados se referem ao período que o petista ocupou o cargo de secretário municipal na administração de Marta Suplicy (PT), em São Paulo.
Segundo a Procuradoria, são irregularidades na contratação de empresas que atuam no ramo de transporte de passageiros ou na prestação de serviços de manutenção do sistema de drenagem e escoamento de água. As denúncias contra ele foram feitas por representantes da administração de tucano-pefelista que sucedeu Marta na prefeitura da capital.
Berzoini, por sua vez, enfrenta processos que envolvem parte de seus aliados. A Promotoria investiga a Bancoop, cooperativa habitacional dos bancários, por formação de quadrilha e estelionato. O dirigente da entidade, João Vaccari Neto é filiado ao PT e afilhado político do atual presidente do PT.
Contra o atual presidente do PT, pesa ainda o dossiê contra o PSDB, produzido na campanha eleitoral de 2006. O caso foi enviado ao Supremo e ainda não foi concluído. A Polícia Federal chegou a investigar se Berzoini possuía alguma ligação com o caso.


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