São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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Morador de SP, deputado se destaca para sucessão no Rio

Com discurso policialesco e debochado, Wagner Montes é assediado por Maia e Cabral

Programa na Record dá visibilidade na capital a evangélico, cujo rival é o senador e bispo da Igreja Universal Marcelo Crivella

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Um dos líderes na disputa para a Prefeitura do Rio, Wagner Montes (PDT), 53, tem endereço em São Paulo, vive em hotel no Rio e faz do estilo policialesco a característica que lhe dá audiência na TV e agora também lhe rende votos. Carismático e desbocado, o deputado estadual e apresentador de TV fuma um Chanceller após o outro, enquanto fala e brinca com todo mundo na rua do hotel na zona sul, onde fica no Rio.
O ex-calouro de Silvio Santos nasceu em Duque de Caxias (Baixada Fluminense), mas não mora no Estado. Sua casa é São Paulo, onde há 20 anos estão sua mulher, a atriz Sônia Lima, e os dois filhos.
Líder nas pesquisas de intenção de voto para prefeito do Rio (empatado com o senador Marcelo Crivella, 15%, segundo o Datafolha), foi o deputado mais votado na cidade em 2006 e o terceiro no Estado, com 111.802 votos e discurso pró-polícia.
Parte do prestígio se deve ao "Balanço Geral", programa de notícias policiais na TV Record que disputa com a Globo a liderança entre 12h30 e 14h. O público é 82% das classes C, D e E.
O prefeito Cesar Maia (DEM) o convidou para reunião, quarta-feira. O governador Sérgio Cabral (PMDB) também quer conversar. "Sou a noivinha bonitinha com quem todo mundo quer casar", diz. "Quero é ser governador."
Seu maior rival é Marcelo Crivella (PRB), senador e bispo da Igreja Universal, cujos líderes são donos da Record.
Para Wagner Montes, evangélico, não há constrangimento. "Se é desconfortável, não é para mim nem para a Record. Tanto que renovou meu contrato até 2009", disse.
O senador contou ter levado o apresentador à emissora. "Jamais moveria uma palha para frustrar o sonho de ser prefeito. Se ele for para o segundo turno, o apoiaria com honra", disse.
Wagner Montes chega à TV às 11h45. Tira do armário a farda de "único comandante-geral honorário da PM". Troca de roupa na frente da reportagem. "Nunca um repórter viu minha perna mecânica [sofreu um acidente de triciclo em 1981]. A Record que me deu. Me dá tudo. Tenho um terno novo por dia, é a ordem do presidente."
Sem maquiagem -"só dou uma "força" no cabelo"- entra no estúdio. No programa, é agressivo com criminosos e defende a "poliçada". "Torço para um desgramado desses me dizer: "Perdeu, tio". E eu: "Achou, sobrinho", e dou uma caroçada [tiro]." Em outro momento, diz como devem ser os interrogatórios. "Passa manteiga no biscoito, no pão, sabe? Molha... e passa bem [gesticula, como se estivesse dando tapas]."
Não é defensor de direitos humanos. "Direitos Humanos para humanos direitos: para o chefe de família, policial. Não vejo comissão ir a casa de policial morto ou chefe de família."
Na Alerj, onde não registra nenhuma falta neste ano, a maioria de seus projetos beneficia policiais e bombeiros.

Candidatos
Com 9% na resposta espontânea -4,5 vezes o índice de Montes e Crivella-, César Maia atribui o desempenho de Montes à "novidade" e à sua capacidade de comunicação com os setores populares.
Para o prefeito, que infla a candidatura do deputado em seu "ex-blog", embora defenda a da deputada federal Solange Amaral (DEM), Montes e Crivella disputam o mesmo eleitorado. "Se Cesar Maia e Sérgio Cabral me apoiarem, Crivella não decolar, e a igreja [Universal] me apoiar, aí é infalível", diz Wagner Montes.
Segundo Crivella, as pesquisas de agora estão muito distantes da realidade do ano que vem. "Meu cenário ideal é uma aliança dos partidos de esquerda. Mas parece que a esquerda só se une na cadeia, né?", disse.
A terceira candidata forte é Denise Frossard (PPS), que disputou o segundo turno da eleição ao governo contra Cabral, apoiada por Cesar Maia.


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