São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

"Vamos fazer o AI-6?"

O núcleo do governo não entendeu bem a entrevista em que Roger Agnelli propôs "medidas de exceção" na área trabalhista para enfrentar a crise. Afinal, lembra um ministro, o presidente da Vale havia dito a Lula que as recentes demissões na empresa foram circunstanciais e feitas em sua maioria no Canadá.
Lula parece disposto a ir até onde se comprometeu com empresários em encontro na semana passada, nos termos que repetiu ontem em seu programa de rádio: "conversar com dirigentes sindicais para saber da possibilidade de estabelecermos acordos em alguns setores mais afetados". E é isso, diz um outro auxiliar do presidente, para em seguida descartar a pretensão de Agnelli: "Vamos fazer o quê? O AI-6?"



Tapas e beijos. Em recente inauguração, Agnelli foi chamado por Lula de "meu caro companheiro". Mas já levou pitos públicos do presidente. Em setembro passado, o motivo foram 12 navios que a Vale pretendia comprar da China. "Roger, você me desculpe, mas uma parte nós vamos ter que fazer no Brasil."

Panelaço. As centrais sindicais preparam uma manifestação nacional para 21 de janeiro, data da próxima reunião do Copom. Desta vez, a eventual manutenção da taxa Selic não se dará sem barulho.

Nice to meet you. O Itamaraty trabalha para que o primeiro encontro bilateral entre Lula e Obama se dê na Cúpula das Américas, marcada para abril em Trinidad e Tobago. Antes, porém, os dois participam da segunda cúpula do G-20, em Londres.

Motosserra 1. A Procuradoria da República no Pará acionou a Justiça para exigir que o Incra tome medidas contra o corte ilegal de madeira praticado em assentamentos rurais no sul e no sudeste do Estado. O índice de devastação nessas áreas atinge 3% ao ano, contra 1,8% em outros pontos da Amazônia.

Motosserra 2. O Ministério Público cobra, sobretudo, que os assentamentos sejam incluídos nas áreas de monitoramento via satélite. No ano passado, 107 projetos de assentamento foram embargados depois de uma ação semelhante dos procuradores.

Monitor. O Conselho Nacional de Justiça anuncia hoje um pacote de medidas voltado para o sistema penitenciário. Entre elas está o acompanhamento dos pedidos de prisão provisória, no estilo do que o CNJ passou a fazer com as escutas telefônicas.

Pauta. O governador Jackson Lago (PDT) preparou para hoje, quando o TSE inicia o julgamento que poderá determinar a cassação do seu mandato por compra de votos, um pacote de anúncios positivos. A lista começa com a divulgação do aumento do PIB por municípios do Maranhão.

Game over. A Procuradoria Eleitoral enviou ao TSE parecer favorável ao DEM para que o deputado Major Fábio (PB), suplente do "infiel" Walter Brito (PRB-PB), tome posse. E fez um alerta a Arlindo Chinaglia (PT-SP): o eventual descumprimento da decisão configurará crime eleitoral. O julgamento é na quinta.

Gurus. A carta-compromisso de Ciro Nogueira (PP-PI) resgata bandeiras defendidas por Aldo Rebelo na campanha de dois anos atrás à presidência da Câmara, como o Orçamento impositivo. E, embora o candidato tente se dissociar da sombra de Severino Cavalcanti, o manifesto fala em assegurar "direitos iguais para todos os deputados", que ganhariam também uma "consultoria de imagem".

Balança. O PT decidiu apoiar a emenda que permitiria a reeleição do presidente da Assembléia paulista, o tucano Vaz de Lima. Com os 20 votos da bancada, faltam 12 para que a proposta seja aprovada. O governador José Serra (PSDB) não gosta da idéia.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O Brasil chegou ao cúmulo da heresia: corrompeu até o Espírito Santo."

Do ex-ministro da Justiça SAULO RAMOS comentando, em discurso no Congresso Brasileiro de Controle Público, a prisão do (agora afastado) presidente do TJ-ES, de alguns de seus desembargadores, funcionários e advogados.

Contraponto

Tantas emoções

A inauguração de trecho da ferrovia Norte-Sul, na semana passada em Tocantins, foi embalada por discursos longos e açucarados. Primeiro a falar, o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, declarou-se "emocionado". Depois veio a colega da Casa Civil, Dilma Rousseff:
-As coisas, quando acontecem da forma como vemos aqui, provocam esse calafrio...
O senador José Sarney (PMDB-AP) multiplicou o efeito:
-Estou três vezes mais emocionado que Nascimento...
Até que Lula cortou a onda geral:
-Já não tenho mais adjetivos para falar. Hoje, não vou nem me arrepiar nem ficar emocionado.


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