São Paulo, Segunda-feira, 17 de Janeiro de 2000


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OUTRA VISÃO
Oposição prepara levante popular

do enviado especial a Quito

A dolarização, apresentada pelo governo como tábua de salvação da economia, está dividindo o país. Sindicatos e movimentos sociais estão organizando um levante popular para impedir que a medida se concretize.
"A dolarização é uma política de morte para a população mais pobre", diz Luís Maldonado, presidente da Frente Patriótica, movimento que reúne centrais sindicais, associações de camponeses e de estudantes.
Na opinião de Maldonado, a adoção da moeda norte-americana vai agravar o problema social no Equador porque vai congelar os salários num patamar muito baixo, enquanto os preços vão subir para acompanhar a cotação do dólar.
"Com a dolarização, os pobres vão virar miseráveis e mendigos. De onde vão tirar dinheiro para acompanhar a alta dos preços?", pergunta Maldonado.
Hoje, diz o presidente da Frente Patriótica, a cesta básica está em US$ 250 enquanto a maioria dos equatorianos ganha US$ 40 por mês: "Dos 12,5 milhões de equatorianos, oito milhões estão na pobreza."
Outro problema gerado pela dolarização, segundo Maldonado, é a corrosão dos depósitos bancários dos equatorianos. No ano passado, o governo confiscou a poupança dos correntistas em meio a uma crise bancária.
O calendário para liberação do dinheiro prevê pagamentos em até 10 anos. Ocorre que as aplicações foram confiscadas quando o dólar valia 15 mil sucres. Na dolarização, a cotação é de 25 mil sucres. "O valor dos investimentos foi totalmente corroído. Não é correto que se adote uma cotação muito inferior à da época do confisco", diz.
A dolarização também deve provocar a quebra de milhares de pequenas empresas, na opinião de Maldonado. São donos de pequenas lojas ou fábricas de fundo de quintal com dívidas em dólares.
"O valor da dívida aumentou brutalmente nos últimos tempos. Ninguém pode pagar", diz Maldonado, que é também presidente da União Geral dos Trabalhadores.
Para combater a dolarização, a Frente Patriótica, dirigida por Maldonado, se uniu ao chamado Parlamento dos Povos do Equador, outro forte movimento popular.
Essa semana, a Frente Patriótica e o Parlamento dos Povos do Equador promovem o que chamam de um levante geral, com greves, fechamento de estradas e a ocupação de Quito por milhares de manifestantes.


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