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OUTRA VISÃO
Oposição prepara levante popular
do enviado especial a Quito
A dolarização, apresentada
pelo governo como tábua de salvação da economia, está dividindo o país. Sindicatos e movimentos sociais estão organizando um levante popular para impedir que a medida se concretize.
"A dolarização é uma política
de morte para a população mais
pobre", diz Luís Maldonado,
presidente da Frente Patriótica,
movimento que reúne centrais
sindicais, associações de camponeses e de estudantes.
Na opinião de Maldonado, a
adoção da moeda norte-americana vai agravar o problema social no Equador porque vai congelar os salários num patamar
muito baixo, enquanto os preços vão subir para acompanhar
a cotação do dólar.
"Com a dolarização, os pobres
vão virar miseráveis e mendigos. De onde vão tirar dinheiro
para acompanhar a alta dos preços?", pergunta Maldonado.
Hoje, diz o presidente da
Frente Patriótica, a cesta básica
está em US$ 250 enquanto a
maioria dos equatorianos ganha US$ 40 por mês: "Dos 12,5
milhões de equatorianos, oito
milhões estão na pobreza."
Outro problema gerado pela
dolarização, segundo Maldonado, é a corrosão dos depósitos
bancários dos equatorianos. No
ano passado, o governo confiscou a poupança dos correntistas
em meio a uma crise bancária.
O calendário para liberação
do dinheiro prevê pagamentos
em até 10 anos. Ocorre que as
aplicações foram confiscadas
quando o dólar valia 15 mil sucres. Na dolarização, a cotação é
de 25 mil sucres. "O valor dos
investimentos foi totalmente
corroído. Não é correto que se
adote uma cotação muito inferior à da época do confisco", diz.
A dolarização também deve
provocar a quebra de milhares
de pequenas empresas, na opinião de Maldonado. São donos
de pequenas lojas ou fábricas de
fundo de quintal com dívidas
em dólares.
"O valor da dívida aumentou
brutalmente nos últimos tempos. Ninguém pode pagar", diz
Maldonado, que é também presidente da União Geral dos Trabalhadores.
Para combater a dolarização,
a Frente Patriótica, dirigida por
Maldonado, se uniu ao chamado Parlamento dos Povos do
Equador, outro forte movimento popular.
Essa semana, a Frente Patriótica e o Parlamento dos Povos
do Equador promovem o que
chamam de um levante geral,
com greves, fechamento de estradas e a ocupação de Quito
por milhares de manifestantes.
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