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Terceira via lança tucano e embola disputa na Câmara
Candidatura é "irreversível", diz Fruet, que espera vitória em reunião da bancada
Deputado tenta ganhar votos de colegas de partido, mas larga sem o apoio do PSOL, que sai do grupo por discordar de nome do PSDB
SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O chamado "Grupo dos 30",
que reúne parlamentares de
vários partidos com atuação independente de suas bancadas,
lançou ontem a candidatura de
Gustavo Fruet (PSDB-PR) à
presidência da Câmara.
A candidatura contraria a decisão anterior de parte da bancada do PSDB. Na semana passada, o líder da bancada, Jutahy
Júnior (BA), declarou apoio ao
petista Arlindo Chinaglia (SP).
O outro candidato é o atual presidente da Casa, Aldo Rebelo
(PC do B-SP). A eleição será no
dia 1º de fevereiro.
Apesar de afirmar que ainda
espera pelo aval do seu partido
para concorrer, Fruet disse que
a candidatura é "irreversível".
O tucano disse que procurará
todos os partidos e estipulou
como sua primeira meta convencer a própria bancada a respaldá-lo. "O PSDB vai ter que
definir se apóia o PT ou uma
candidatura própria. Estamos
confiantes na vitória", disse. "É
irreversível", completou.
Em seguida, ao ser questionado sobre a possibilidade de
permanecer na disputa caso o
PSDB vete sua candidatura, foi
cauteloso: "É evidente que se
não acontecer a vitória na terça-feira, o grupo vai rever".
Após a repercussão negativa
do apoio a Chinaglia, Jutahy
agendou uma reunião da bancada, na próxima terça-feira,
para tratar do assunto.
A articulação do apoio tucano ao PT havia sido feita com
aval dos governadores José
Serra (SP) e Aécio Neves (MG),
em troca de cargos na Mesa e
contrapartidas estaduais.
Ontem, um grupo de 13 deputados tucanos se reuniu em
Brasília para pressionar Fruet a
concorrer. O grupo é formado
majoritariamente por deputados ligados ao ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e
ao ex-governador de São Paulo
Geraldo Alckmin. Os principais
articuladores são os deputados
Paulo Renato (SP), José Aníbal
(SP) e Sílvio Torres (SP).
Segundo Paulo Renato, a
candidatura de Fruet já tem o
aval de ao menos 24 deputados
tucanos. A expectativa é que
chegue a 40 com a adesão de tucanos que estavam "fechados"
com Aldo. A bancada eleita do
PSDB tem 66 deputados.
Fruet anunciou os principais
pontos da plataforma de sua
chapa, contemplando reivindicações do "Grupo dos 30". Entre eles, destacam-se: transparência de gastos dos deputados;
reforma política; voto aberto;
aumento do poder de fiscalização da Câmara; criação de um
mecanismo de correção salarial
dos parlamentares para impedir o reajuste de 91%; e reformulação do regimento da Casa.
Ele defendeu o aumento dos
salários dos parlamentares dos
atuais R$ 12,8 mil para R$ 16,5
mil, ou seja, a reposição da inflação no período.
"Sem ingenuidade, não se
trata do bem contra o mal, dos
éticos contra os não-éticos. É
fugir do debate de quem é mais
leal ou não ao governo, de quem
vai dar o aumento maior."
Idealizado pelos deputados
Fernando Gabeira (PV-RJ) e
Raul Jungmann (PPS-PE), o
projeto de lançar uma terceira
via reúne apoios no PSDB, no
PMDB, no PV e no PPS. O
PSOL anunciou que não irá
aderir porque reprova a escolha de um nome do PSDB.
Crise ética
O "Grupo dos 30" foi criado
na esteira da crise ética do Congresso e funciona como uma
frente suprapartidária para fiscalizar os deputados. Nos corredores da Câmara, seus críticos dizem que buscam apenas
autopromoção e holofotes.
Nos bastidores, a concretização da terceira via, há 15 dias na
eleição, preocupou especialmente os articuladores da chapa de Chinaglia.
A avaliação é que a inclusão
de um novo nome pode embolar a disputa ou forçar um segundo turno na eleição. Além
disso, o grupo de Chinaglia teme que a "terceira via" se alie à
chapa de Aldo contra o PT.
Do outro lado, os aliados de
Aldo também temem o enfraquecimento da candidatura, já
que Fruet poderia atrair votos
do PFL e do PDT, mas a recomendação é para não haver críticas públicas que atrapalhem
um acordo num segundo turno.
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