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Mangabeira Unger quer levar água da Amazônia para o NE
Para ministro, que visita Pará e Amazonas, a transposição é necessária porque na região "sobra água inutilmente"
Ministro do Longo Prazo ainda propõe novo tributo para exploração de recursos minerais e educação de índio em mais de uma língua
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Em viagem à região amazônica, o ministro Roberto Mangabeira Unger (Secretaria de Planejamento de Longo Prazo) apresentou uma proposta de
transposição de água da Amazônia para o Nordeste.
O ministro argumenta que a
ligação é necessária porque
"numa região sobra água inutilmente e na outra falta água calamitosamente". A proposta faz
parte do "Projeto Amazônia",
em que o desenvolvimento sustentável da região é discutido
por Mangabeira e sua comitiva,
de 35 pessoas, entre assessores
da pasta, parlamentares e representantes do setor privado.
O senador José Nery (PSOL-PA), que participa das reuniões,
diz não ver necessidade nem
estrutura para a realização de
uma obra desse porte.
"Essas tentativas [de desenvolvimento sustentável da
Amazônia] já são feitas há anos,
mas nunca saem do papel. Por
isso eu diria que temos motivos
para desconfiar das propostas.
Sobre o aqueduto, não parece
que isso encontre muito apreço. Não vejo como algo exeqüível nem necessário", disse ele.
O próprio governo prioriza
outro projeto para tentar solucionar o problema da falta de
água no Nordeste: a transposição de águas do rio São Francisco, principal obra do governo,
orçada em mais de R$ 5 bilhões.
Outra idéia do ministro é
criar um novo tributo para a
mineração. O plano prevê a
criação de um imposto que teria de ser pago pelas empresas
que não processarem os recursos lavrados dentro da região. O
intuito é fazer com que o setor
beneficie o minério na região.
O projeto também elenca o
desenvolvimento das aldeias
indígenas com educação em
mais de uma língua e mais de
uma cultura. Para o ministro,
essa seria uma forma de mudar
o quadro de falta de instrumentos e oportunidades.
Sobre a Zona Franca de Manaus, Mangabeira quer substituir a indústria de montagem
atual pela de transformação, o
que pode viabilizar, diz ele, o
desenvolvimento sustentável.
Outra idéia é usar áreas já
desmatadas para projetos de
agricultura e pecuária em pequena escala, além do manejo
controlado da floresta com uso
rotativo das árvores, compensadas por replantio.
Hoje, a comitiva chefiada por
Mangabeira Unger tem encontro marcado com o governador
do Amazonas, Eduardo Braga
(PMDB), com secretários dos
Estados e com a comunidade
científica. A governadora do
Pará, Ana Júlia Carepa (PT),
também já se reuniu com o ministro. A expectativa é que o
ministro da Cultura, Gilberto
Gil, se junte a equipe ainda hoje. A ministra Marina Silva
(Meio Ambiente) foi convidada, mas alegou motivos pessoais para não participar.
Mangabeira levou ontem para Santarém (PA) a discussão
sobre o desenvolvimento sustentável da Amazônia, em uma
reunião com entidades locais.
Para a prefeita de Santarém,
Maria do Carmo Lima (PT),
"antes é necessário que se cuide
bem da água da Amazônia para
o povo amazônico". "Vivemos
às margens dos maiores rios do
mundo e não temos água encanada dentro de casa."
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