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PERFIL
Temer fez carreira
à sombra do poder
Antes de FHC, passou por Montoro e Fleury
O deputado Michel Temer (PMDB-SP), novo presidente da Câmara
LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local
Na política, o novo presidente
da Câmara, Michel Temer
(PMDB), mantém o espírito de
advogado: é fiel e competente na
defesa de seu cliente. Seja ele
quem for.
Ele surgiu na política com
Franco Montoro. Foi ligado a
Quércia, aliou-se a Fleury e entrou, na primeira hora, na ala
peemedebista que aderiu a FHC.
Em comum, todos eles estavam
no poder.
Habilidoso, Temer muda de
governo sem deixar ressentimentos. ``Ele é um amigo fiel.
Sempre nos falamos'', diz o
ex-governador Orestes Quércia.
A carreira política de Temer
começou em 1983, quando foi
indicado procurador-geral de
Justiça do Estado. Dali, assumiu
a Secretaria da Segurança.
Naquele cargo, implantou as
primeiras delegacias de defesa da
mulher. Ele era um jovem advogado amigo dos filhos de Montoro. Quando o grupo do ex-governador bateu asas para o PSDB,
Temer continuou no PMDB,
juntamente com Quércia.
Em 86, no final do governo
Montoro, Temer se elegeu deputado federal pela primeira vez.
No governo Fleury (91-94), voltou à pasta da Segurança (92-93)
num momento de crise. Substituiu Pedro Franco de Campos
após o massacre de presos no Carandiru. Foi em seguida secretário de Governo (93-94).
Temer chegou a ser indicado
para concorrer pelo PMDB ao
governo do Estado em 94, mas
acabou preterido por Barros
Munhoz.
Bicho
Ainda como secretário da Segurança de Montoro, Temer
chamou a atenção por defender a
legalização do jogo do bicho. Argumentava que seria uma maneira de desarticular a máfia que
se alimenta da jogatina.
Quando foi secretário da Segurança, o número de flagrantes
contra bicheiros desabou em São
Paulo. Na capital, segundo dados
oficiais, o número de flagrantes
caiu de 1.006 em 90, para 746 em
92, e 624 em 93.
Em depoimento em maio de 94
na CPI do Bicho, na Assembléia
Legislativa de São Paulo, o delegado-geral da gestão Temer, Álvaro Luz, afirmou que tinha
orientação de só reprimir os bicheiros se estes agissem de maneira ``ostensiva''.
Formado em direito pela USP,
ele hoje é professor de direito
constitucional da PUC-SP.
Não se reelegeu deputado em
1990. Quatro anos depois, volta
ao Congresso e se torna em 95 líder do PMDB. Nessa condição,
ele conseguiu 60 votos para a
emenda da reeleição de FHC,
que se tornou seu maior cabo
eleitoral para a conquista da presidência da Câmara.
Para se eleger, Temer lançou
mão de promessas defendidas
pelo representante do ``baixo
clero'', o tucano Wilson Campos. Entre elas, disse que lutará
para aumentar o salário dos deputados e implantar a TV da Câmara (o Senado já tem a sua).
No início do ano passado, pouco antes de assumir a relatoria da
reforma da Previdência, Temer
solicitou aposentadoria proporcional como procurador do Estado de São Paulo.
Curiosamente, ele não esperou
mais dois anos, quando completaria 35 anos no cargo e poderia
solicitar o salário integral. Há a
possibilidade de a reforma mudar as regras das aposentadorias
dos procuradores.
Nota 1,5
Na assembléia constituinte de
1988, Temer se posicionou contra as principais propostas das
centrais sindicais. Seu desempenho lhe valeu nota 1,5 (numa escala de 0 a 10) do Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar).
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