São Paulo, sábado, 17 de fevereiro de 2001

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IMPRENSA

Reportagens sobre doações para a campanha eleitoral e foto do conflito nos 500 Anos dividem o Grande Prêmio

Folha premia série sobre eleição de FHC e foto

Lula Marques/Folha Imagem
Índio Gildo deita-se em frente a policiais durante protesto


DA REPORTAGEM LOCAL

As reportagens sobre a omissão de doações na declaração de gastos eleitorais do presidente Fernando Henrique Cardoso e a foto do conflito nas comemorações dos 500 Anos do Descobrimento dividiram o Grande Prêmio Folha de Jornalismo do ano 2000.
É a primeira vez que uma fotografia recebe o Grande Prêmio, concedido desde 1993 aos melhores trabalhos produzidos por profissionais da Empresa Folha da Manhã S/A, que edita a Folha e o "Agora São Paulo". No ano 2000, concorreram 314 trabalhos.
Os repórteres Andréa Michael, 31, e Wladimir Gramacho, 29, passaram 73 dias investigando a prestação de contas de FHC na campanha de 1998, e obtiveram provas de que o comitê do presidente foi abastecido por um caixa-dois. Essa movimentação estava identificada em uma planilha eletrônica sigilosa preparada pela tesouraria da campanha, revelada pela Folha no mês de novembro.
"Começamos a apuração sem saber da existência da planilha eletrônica", disse Gramacho. Segundo Andréa, a coligação governista arrecadou e não declarou pelo menos R$ 10,12 milhões.

Descobrimento
A foto premiada foi publicada em 23 de abril e mostra o índio terena Gildo Jorge Roberto deitado entre policiais da tropa de choque da PM da Bahia durante os protestos nas comemorações dos 500 anos do Descobrimento, em Porto Seguro. "Foi a terceira tentativa do índio de ficar entre os policiais. Nas duas primeiras, ele foi retirado. Na terceira, o comandante deu ordem para os policiais marcharem e eles passaram por cima dele", disse Lula Marques, 39, autor da foto. Embora mais de 50 fotógrafos acompanhassem o protesto, só Marques registrou o fato.
Além do Grande Prêmio, foram distribuídos outros seis. Antonio Góis e Paulo Daniel Farah venceram na categoria Reportagem.
Góis, 25, relatou a vida de crianças com talentos especiais, algumas com características de superdotados, mas que por serem de famílias pobres não recebem apoio. As histórias dos pequenos gênios foram publicadas em 26 de março. "Um amigo me contou a história de um garoto que sabia fazer de cabeça cálculos matemáticos complicados e que trabalhava vendendo picolés em um posto de gasolina no interior de Goiás. Fui para lá sem ter falado com o garoto. Um mês depois tinha a matéria publicada", contou Góis.
Farah foi ao Oriente Médio cobrir os confrontos entre israelenses e palestinos. Mostrou como os conflitos nas ruas acabaram ameaçando o processo de paz e fragilizando tanto o primeiro-ministro de Israel Ehud Barak como o líder da OLP, Iasser Arafat.

Brincadeiras
Na categoria Edição, a vencedora foi Sylvia Colombo, com o caderno especial "Brincadeiras", de 16 de abril. O caderno, que mostrou a sobrevivência de jogos tradicionais, também recebeu o prêmio na categoria Especial. Foram premiados Guilherme Werneck, Mônica Costa e Marilene Felinto.
Na categoria Serviço, venceu a série de cadernos "Folha Praia", editados por Luiz Caversan, Célia Almudena, Camila Tosllo e Alessandro Tarso de janeiro a março.
A colaboradora Renata Buono ganhou o prêmio na categoria Arte pela capa do caderno "Mais!" de 16 de janeiro, com montagem de fotos de Macau e China.
Duas fotos dividiram o prêmio na sua categoria. Luiz Bittencourt foi premiado com a imagem do sequestrador Sandro do Nascimento, detido após manter como reféns passageiros de um ônibus no Rio. A foto do sequestrador sendo jogado no camburão é a última dele com vida: Nascimento foi asfixiado dentro do carro.
Ana Carolina Fernandes foi premiada na categoria Fotografia com a foto de alunas da última turma do Instituto de Educação do Rio de Janeiro, as normalistas que foram personagens de crônicas de Nelson Rodrigues.
A Comissão Julgadora foi formada por Carlos Eduardo Lins da Silva, diretor-adjunto do jornal "Valor"; os colunistas da Folha Moacyr Scliar e Barbara Gancia; a ombudsman Renata Lo Prete; e Ana Estela de Souza Pinto, editora de treinamento.


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