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JUSTIÇA
Oscar de Barros foi considerado culpado, na Flórida, sob a acusação de tentativa de lavar dinheiro do narcotráfico
Negociador de dossiê Caribe é condenado
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Um júri de West Palm Beach, na
Flórida, considerou o empresário
brasileiro Oscar de Barros culpado pela tentativa de lavar dinheiro
do narcotráfico. Sua pena será divulgada em abril.
Barros é um dos principais suspeitos de ter criado e tentado vender para políticos o dossiê Caribe,
um conjunto de documentos sugerindo a existência de contas e
empresas no exterior do presidente Fernando Henrique Cardoso em sociedade com o resto da
cúpula tucana, cuja veracidade
nunca foi comprovada.
Barros também é investigado
em Nova York num caso de corrupção de funcionários da Prefeitura de São Paulo pela MetroRED
-uma companhia do grupo norte-americano Fidelity que instalou cabos de fibra ótica em São
Paulo e no Rio de Janeiro.
O júri da Flórida considerou
Barros culpado por unanimidade,
com base em gravações feitas pelo
FBI (a polícia federal dos EUA)
em Miami e em Nova York. O
conteúdo dessas gravações foi publicado pela Folha em 2000.
Apesar da condenação, o júri
não considerou Barros culpado
pela intenção de participar do tráfico de cocaína, crime do qual
também era acusado.
O britânico Nigel Ramsay, que
também teve suas conversas gravadas pelo FBI, foi condenado pelos dois crimes e poderá ter pena
de até 20 anos de prisão, além de
multa de US$ 500 mil.
Barros foi preso em março do
ano passado e colocado em liberdade vigiada no último mês de dezembro. Desde então, só pode sair
de seu apartamento, na luxuosa
avenida Brickell, para ir ao escritório de seu advogado. Barros vai
apelar em liberdade.
Os outros três implicados no
mesmo processo -o norte-americano Richard Lacy e os brasileiros José Maria Teixeira Ferraz Jr. e
James Deegan- foram excluídos
do júri porque colaboraram com
a promotoria. Além do envolvimento com o tráfico de drogas,
Deegan e Ferraz também tentaram vender o dossiê Caribe.
O advogado de imigração Frank
Ricci foi o principal informante
do FBI na operação que prendeu
Barros e Ferraz. Ricci, que já advogara para Barros e Ferraz em
assuntos de vistos para brasileiros
na Flórida, concordou em gravar
conversas com os dois.
O advogado Ricci aceitou dar
informações contra os dois brasileiros a fim de se livrar de uma pena maior em outros crimes. Antes
de entregar Barros e Ferraz, Ricci
já havia colaborado na prisão do
norte-americano Richard Lacy e
do britânico Nigel Ramsay.
Ferraz, que era associado de
Barros em vários empreendimentos, continua na prisão federal de
Miami, apesar do acordo fechado
com o FBI. Ele é irmão de José
Eduardo Teixeira Ferraz, um dos
administradores da construtora
Incal, empresa responsável pelo
desvio de recursos da construção
do novo fórum trabalhista em São
Paulo. Ferraz também é primo do
empresário Fábio Monteiro de
Barros, dono da Incal.
As fitas gravadas pelo FBI mostram que Ferraz não apenas planejou remeter cocaína da Colômbia para os EUA como também
tentou vender o dossiê Caribe para políticos e descreveu aspectos
suspeitos da operação da companhia MetroRED em São Paulo.
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