São Paulo, domingo, 17 de fevereiro de 2008

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Ciro diz que legalizaria o aborto, mas não as drogas

Ele conta que já sentiu ciúmes de Patrícia Pillar em cena; no futebol, escalaria Kaká, Robinho, Ronaldinho e Pato para jogar juntos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ciro Gomes defende descriminalizar aborto, mas não drogas. Diz que bebe três uísques para descontrair. Fagner é o cantor preferido. Admite que já sentiu ciúme de cenas românticas da atriz Patrícia Pillar, sua mulher, mas hoje vê como "arte". Fala de cinema, música e futebol. Escalaria Kaká, Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Pato para jogar juntos na seleção. "Sou ofensivo." (KA)

 

FOLHA - Legalizaria o aborto?
CIRO -
O aborto é um mal. Ponto. Para os religiosos, um pecado. Para uma jovem, uma tragédia. Criminalizar o drama de uma jovem pobre que engravidou de forma imprudente, incauta, ou porque lhe faltaram contraceptivos, só produzirá mais aborto, mais violência. O aborto deve ser uma decisão da mulher. O Estado não tem nada a ver com essa decisão.

FOLHA - É a favor da descriminalização das drogas?
CIRO -
Já fui, não sou mais. Estudei muito o assunto. Os EUA adotaram um regime de tolerância zero. Não funciona. Países da Europa resolveram descriminalizar. Não funciona. A droga é um flagelo para os jovens e é o caminho para a violência urbana assustadora que domina o Brasil.

FOLHA - Como combater?
CIRO -
Enfrentar o cartel, repressão na proporção necessária.

FOLHA - Como tratar o usuário?
CIRO -
É um doente. Deve ser cercado de carinho. Cadeia, jamais.

FOLHA - Crê em Deus? Tem religião ou santo de devoção?
CIRO -
Admiro a figura de são Francisco de Assis. Tenho uma crença em Deus. Crescentemente discordo da ritualística em que o amor a Deus deve ser materializado. Exemplos: o neopentecostalismo nos EUA, essa idéia de intromissão em nome de Deus no mundanismo da vida social, um garoto acreditar que vai para o paraíso se imolando, matando inocentes. É uma tragédia.

FOLHA - Um ministro diz que o sr. faz um "cover honesto" do Fagner. É seu cantor predileto?
CIRO -
É meu irmão querido. As músicas, conheço todas. Já fiz backing vocal dele, percussão em shows de verdade no interior do Nordeste.

FOLHA - Canção preferida?
CIRO -
Uma do Gonzagui- nha que ele canta. "Guerreiro menino."

FOLHA - Como ela é?
CIRO -
[Cantarolando] Um homem também chora, menina morena. Também deseja colo, palavras amenas...

FOLHA - Sente ciúme quando vê cena romântica da Patrícia Pillar numa novela ou num filme?
CIRO -
Já senti, no passado. Hoje, compreendo que aquilo é pura arte. Ser casado com ela é mais um privilégio que Deus me deu. Não é só linda e de uma classe extraordinária. É pessoa fenomenal.

FOLHA - Quais são os seus programas de TV favoritos?
CIRO -
Assisto a quase nada nos canais abertos. Sou siderado no History Channel e no Discovery Civilization [TV a cabo].

FOLHA - Livro predileto?
CIRO -
"Cem Anos de Solidão", do Gabriel García Márquez.

FOLHA - Filme preferido?
CIRO -
"Blade Runner" [de Ridley Scott]. Já tem a última versão? Tenho todas.

FOLHA - Bebidas preferidas?
CIRO -
Não gosto do sabor, mas três uísques me dão uma descontração para uma grande festa, como essa que fui agora no Rio, no aniversário dos 70 anos do Martinho da Vila, a convite dele. Tomo sem gelo, engulo e toma uma Coca-Cola Zero em cima.

FOLHA - Três são o limite?
CIRO -
Não gosto de ficar bêbado. Nunca gostei.

FOLHA - Quantos maços de cigarro fuma por dia? Já tentou parar?
CIRO -
Já parei uma vez e estupidamente voltei. É um péssimo hábito. Sou antitabagista. Minha geração foi vítima da desinformação. Cigarro era símbolo de afirmação, de adultismo e de masculinidade. Fumei com 15 anos. Quero parar. Vou parar. Fumo um maço e meio por dia, um pouco menos do que fumava. Mas há épocas terríveis [fumou dois cigarros em 1h23min de entrevista].

FOLHA - Faz exercícios? Qual seu peso e sua altura? Controla peso?
CIRO -
Faço quando posso, mas não tenho regularidade. Meço 1,82m e peso 86 kg. Não preciso fazer dieta. Na campanha, emagreço drasticamente. Na última, emagreci 12 kg. Me esqueço de comer. Quando estou em paz, recupero os quilos.

FOLHA - Time de futebol?
CIRO -
Guarany de Sobral [da segunda divisão cearense] é o único que me comove, fora a seleção brasileira.

FOLHA - O que tem achado da seleção do Dunga?
CIRO -
Gosto.

FOLHA - Escalaria Kaká, Robinho e Ronaldinho Gaúcho juntos?
CIRO -
Sem dúvida. Mais o [Alexandre] Pato.

FOLHA - Os quatro no ataque?
CIRO -
Os quatro, jogando em linha na intermediária ofensiva. Sou ofensivo. O futebol moderno é o futebol total. Tem de jogar com duas linhas de quatro, indo e voltando. Na Europa, os brasileiros aprendem isso. O Robinho, no Real Madrid, está jogando no campo inteiro.


NA INTERNET - Leia a íntegra www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/brasiliaonline


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