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Ciro diz que legalizaria o aborto, mas não as drogas
Ele conta que já sentiu ciúmes de Patrícia Pillar em cena; no futebol, escalaria Kaká, Robinho, Ronaldinho e Pato para jogar juntos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ciro Gomes defende descriminalizar aborto, mas não drogas. Diz que bebe três uísques
para descontrair. Fagner é o
cantor preferido. Admite que já
sentiu ciúme de cenas românticas da atriz Patrícia Pillar, sua
mulher, mas hoje vê como "arte". Fala de cinema, música e
futebol. Escalaria Kaká, Robinho, Ronaldinho Gaúcho e Pato para jogar juntos na seleção.
"Sou ofensivo."
(KA)
FOLHA - Legalizaria o aborto?
CIRO - O aborto é um mal. Ponto. Para os religiosos, um pecado. Para uma jovem, uma tragédia. Criminalizar o drama de
uma jovem pobre que engravidou de forma imprudente, incauta, ou porque lhe faltaram
contraceptivos, só produzirá
mais aborto, mais violência. O
aborto deve ser uma decisão da
mulher. O Estado não tem nada
a ver com essa decisão.
FOLHA - É a favor da descriminalização das drogas?
CIRO - Já fui, não sou mais.
Estudei muito o assunto. Os
EUA adotaram um regime de
tolerância zero. Não funciona.
Países da Europa resolveram
descriminalizar. Não funciona.
A droga é um flagelo para os jovens e é o caminho para a violência urbana assustadora que
domina o Brasil.
FOLHA - Como combater?
CIRO - Enfrentar o cartel,
repressão na proporção necessária.
FOLHA - Como tratar o usuário?
CIRO - É um doente. Deve ser
cercado de carinho. Cadeia, jamais.
FOLHA - Crê em Deus? Tem religião
ou santo de devoção?
CIRO - Admiro a figura de são
Francisco de Assis. Tenho uma
crença em Deus. Crescentemente discordo da ritualística
em que o amor a Deus deve ser
materializado. Exemplos: o
neopentecostalismo nos EUA,
essa idéia de intromissão em
nome de Deus no mundanismo
da vida social, um garoto acreditar que vai para o paraíso se
imolando, matando inocentes.
É uma tragédia.
FOLHA - Um ministro diz que o sr.
faz um "cover honesto" do Fagner. É
seu cantor predileto?
CIRO - É meu irmão querido.
As músicas, conheço todas. Já
fiz backing vocal dele, percussão em shows de verdade no interior do Nordeste.
FOLHA - Canção preferida?
CIRO - Uma do Gonzagui-
nha que ele canta. "Guerreiro
menino."
FOLHA - Como ela é?
CIRO - [Cantarolando] Um homem também chora, menina
morena. Também deseja colo,
palavras amenas...
FOLHA - Sente ciúme quando vê cena romântica da Patrícia Pillar numa
novela ou num filme?
CIRO - Já senti, no passado.
Hoje, compreendo que aquilo é
pura arte. Ser casado com ela é
mais um privilégio que Deus
me deu. Não é só linda e de uma
classe extraordinária. É pessoa
fenomenal.
FOLHA - Quais são os seus programas de TV favoritos?
CIRO - Assisto a quase nada nos
canais abertos. Sou siderado no
History Channel e no Discovery Civilization [TV a cabo].
FOLHA - Livro predileto?
CIRO - "Cem Anos de Solidão",
do Gabriel García Márquez.
FOLHA - Filme preferido?
CIRO - "Blade Runner" [de Ridley Scott]. Já tem a última versão? Tenho todas.
FOLHA - Bebidas preferidas?
CIRO - Não gosto do sabor, mas
três uísques me dão uma descontração para uma grande
festa, como essa que fui agora
no Rio, no aniversário dos 70
anos do Martinho da Vila, a
convite dele. Tomo sem gelo,
engulo e toma uma Coca-Cola
Zero em cima.
FOLHA - Três são o limite?
CIRO - Não gosto de ficar bêbado. Nunca gostei.
FOLHA - Quantos maços de cigarro
fuma por dia? Já tentou parar?
CIRO - Já parei uma vez e estupidamente voltei. É um péssimo hábito. Sou antitabagista.
Minha geração foi vítima da desinformação. Cigarro era símbolo de afirmação, de adultismo e de masculinidade. Fumei
com 15 anos. Quero parar. Vou
parar. Fumo um maço e meio
por dia, um pouco menos do
que fumava. Mas há épocas terríveis [fumou dois cigarros em
1h23min de entrevista].
FOLHA - Faz exercícios? Qual seu
peso e sua altura? Controla peso?
CIRO - Faço quando posso, mas
não tenho regularidade. Meço
1,82m e peso 86 kg. Não preciso
fazer dieta. Na campanha, emagreço drasticamente. Na última, emagreci 12 kg. Me esqueço
de comer. Quando estou em
paz, recupero os quilos.
FOLHA - Time de futebol?
CIRO - Guarany de Sobral [da
segunda divisão cearense] é o
único que me comove, fora a seleção brasileira.
FOLHA - O que tem achado da seleção do Dunga?
CIRO - Gosto.
FOLHA - Escalaria Kaká, Robinho
e Ronaldinho Gaúcho juntos?
CIRO - Sem dúvida. Mais o
[Alexandre] Pato.
FOLHA - Os quatro no ataque?
CIRO - Os quatro, jogando em
linha na intermediária ofensiva. Sou ofensivo. O futebol moderno é o futebol total. Tem de
jogar com duas linhas de quatro, indo e voltando. Na Europa, os brasileiros aprendem isso. O Robinho, no Real Madrid,
está jogando no campo inteiro.
NA INTERNET - Leia a íntegra
www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/brasiliaonline
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