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Tarso critica terrorismo na Itália, mas defende refúgio
"Crimes políticos existem mesmo em democracias"
UIRÁ MACHADO
ENVIADO ESPECIAL A OSLO
O ministro Tarso Genro
(Justiça) afirmou ontem que
não era "humanamente aceitável e politicamente justo tomar
armas na Itália dos anos 70",
como fizeram as organizações
de extrema-esquerda Brigadas
Vermelhas e PAC (Proletários
Armados pelo Comunismo).
Ainda assim, o ministro considera que os crimes pelos
quais Cesare Battisti foi condenado tinham cunho político.
Battisti, ex-militante do PAC,
recebeu pena de prisão perpétua na Itália por quatro homicídios nos anos 70. Foragido em
seu país, obteve o estatuto de
refugiado no Brasil, em decisão
que pode ser revista pelo Supremo Tribunal Federal.
As afirmações do ministro
Tarso Genro foram feitas após
sua apresentação na abertura
da 19 Conferência da Academia
da Latinidade, que é realizada
em Oslo (Noruega) entre os dia
16 e 18 de fevereiro. O tema do
encontro é "Direitos Humanos
e sua Possível Universalidade".
Tarso, que atribuiu a asilo,
anistia e refúgio político lugar
central numa revisão do sistema internacional de proteção
aos direitos humanos, disse que
a luta armada só se justifica
contra um Estado terrorista ou
uma tirania absoluta.
Questionado pela Folha se a
Itália se encaixava em uma
dessas categorias nos anos 70,
Tarso disse: "Não. Na Itália o
que houve foi uma insurgência
armada contra um governo no
âmbito de uma democracia",
respondeu, e acrescentou: "Eu
não adotaria esses métodos na
Itália nem os justificaria. Mas
crimes políticos existem mesmo em democracias".
Pressão parlamentar
Trinta e quatro dias após o
governo brasileiro conceder refúgio a Battisti, autoridades do
Parlamento italiano visitam
hoje seus colegas brasileiros.
Os deputados Maurizio Lupi,
vice-presidente da Câmara dos
Deputados da Itália, e o ítalo-brasileiro Fábio Porta vão se
reunir com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), e congressistas da Frente
Parlamentar Brasil-Itália.
Querem ainda audiência com
o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) e com o presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP). Ontem, a defesa
de Battisti entrou com o quarto
pedido no Supremo para a libertação imediata do italiano.
O jornalista UIRÁ MACHADO viaja a convite da
Academia da Latinidade
Colaborou a Sucursal de Brasília
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