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Dilma foca juventude de olho em um terço do eleitorado
A pedido de petista, núcleo de campanha busca políticas para faixa etária até 30 anos
Para o PT, eleitor jovem é refratário à estratégia de comparação dos projetos petista e tucano por não ter lembranças da gestão FHC
ANA FLOR
DA REPORTAGEM LOCAL
De olho no voto de um terço
do eleitorado brasileiro, o programa de governo de Dilma
Rousseff, que deve ser aclamada candidata petista no final de
semana, terá como um dos eixos centrais a juventude.
Por insistência da ministra
da Casa Civil, o núcleo de campanha trabalha na elaboração
de um conjunto de políticas específicas para o público jovem
de até 30 anos. As ações serão
nas áreas social, econômica,
educação e tecnológica.
As estimativas são de que o
número de pessoas entre 15 e
29 anos no país chegue a 52 milhões neste ano -mais de um
quarto da população. Ao mesmo tempo, a avaliação do governo é que essa fatia dos brasileiros foi menos beneficiada
pelas políticas de combate a pobreza e redução de desigualdade social -que, segundo a última Pnad (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios), tiveram maior impacto entre
idosos e primeira infância.
"Nós estamos convencidos
que uma política estruturada
para a juventude é um dos
grandes desafios do próximo
governo", diz o ministro petista
Alexandre Padilha (Relações
Institucionais). "Será uma das
questões centrais", diz.
Nos últimos meses, Dilma
tem insistido no tema, recorrente em seus discursos e agenda. Participou do encontro da
Juventude do PT, em Brasília,
e, em São Paulo, visitou a Campus Party, evento de tecnologia
voltado para o público jovem.
Ela também passou a discursar sobre temas caros a essa faixa, como educação, tecnologia
e, em especial, a universalização da banda larga, e se diz "empolgada" com a internet.
"Não é apenas um capítulo
sobre a juventude. A questão
tem que ser tratada de forma
transversal, com emprego, segurança, moradia, inclusão social [para os jovens]", afirma o
presidente do PT, José Eduardo Dutra.
Há um ingrediente eleitoral
importante na estratégia de
propor mais políticas para a juventude. Para o PT, o eleitor jovem é refratário à estratégia
eleitoral de comparação dos
projetos petista e tucano.
Aqueles que estão votando pela
primeira vez, que tinham entre
oito e nove anos quando Lula
assumiu a Presidência, não
lembram do governo de Fernando Henrique Cardoso.
Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 23,5
milhões de eleitores (18% do
total) têm até 24 anos, isto é,
não eram obrigados a votar em
2002 e têm dificuldade de comparar os oito anos de Lula com
o período anterior, legado que o
PT quer colar no pré-candidato
tucano, o governador de São
Paulo, José Serra.
Dentro do PT, um dos entusiastas do tema é o ex-presidente do partido e ex-deputado
federal José Dirceu. No encontro do campo majoritário do
partido, em janeiro, Dirceu defendeu que o programa de governo do PT priorizasse políticas para os jovens. Em seu blog,
afirmou que ""investir na nossa
juventude -um contingente
que chega a 50 milhões de pessoas- é fundamental para o desenvolvimento do nosso país".
Outras lideranças do partido
acham que a juventude traz
emoção para a campanha, uma
militância ativa que ajudará na
mobilização em favor da candidata. "Focar na juventude não é
uma estratégia vista só de forma utilitária. É a militância,
mas também é [um grupo] estratégico para o futuro do país",
defende Dutra.
Projetos
Entre as propostas estudadas
pelo núcleo que discute o plano
de campanha de Dilma estão
políticas para estimular a criação de empregos para a faixa
etária até 30 anos, linhas de
crédito específicas -como as
do programa Minha Casa, Minha Vida-, de inclusão digital e
na área educacional.
Outro plano é criar formas de
estimular núcleos familiares
jovens que hoje recebem o Bolsa Família a não precisar mais
do benefício.
Segundo Padilha, as prioridades do governo Lula foram
manter crescimento, geração
de emprego, combate à inflação
e redução da desigualdade social. A proposta de um "governo
de continuidade e avanço", como o PT tenta vender a era Dilma, precisa focar na população
que irá sustentar o mercado de
trabalho e o crescimento na
próxima década.
A ministra, que acompanha
na Casa Civil o desenvolvimento do Plano Nacional de Banda
Larga, afirma a assessores que
que espera que ele se torne um
novo Luz para Todos (programa de eletrificação do interior
do país), ampliando a oferta de
internet. "Para nós, a questão
da internet é estratégica. Tem a
ver com inclusão e com democracia", disse Dilma em janeiro.
A ministra também tem enfatizado a importância de ampliar a oferta educacional no
país. "A mais cara a mim é a
questão da educação", disse ao
ser entrevistada pela apresentadora Luciana Gimenez, há
três semanas.
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