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REVIRAVOLTA NA SUCESSÃO
Suspeita é de uso político do Estado
Delegado e procurador ligados a Serra atuam em investigações
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidenciável tucano, senador José Serra (SP), conseguiu
reunir sob as asas de aliados as
duas principais investigações em
curso que podem prejudicar sua
candidatura ou implodir a campanha de seus adversários. São
eles o subprocurador da República José Roberto Santoro e o delegado de Polícia Federal Marcelo
Itagiba.
Em viagem a Palmas (Tocantins), há duas semanas, o subprocurador Santoro coordenou informalmente o pedido de busca e
apreensão de documentos no escritório da pré-candidata pefelista
e governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Trocou idéias com
o procurador Mário Lúcio Avelar,
que foi o autor do pedido, e orientou a estratégia a ser adotada.
A participação especial do subprocurador no episódio, mantida
nos bastidores do tucanato até
aqui, reforça as suspeitas de que
articuladores da campanha de
Serra tenham tentado minar a
pré-candidatura da pefelista.
No Rio de Janeiro, o delegado
Itagiba usou suas prerrogativas
de superintendente regional da
PF para afastar o também delegado Deuler da Rocha, que investigava um dos ex-arrecadadores de
campanha de José Serra.
Segundo a Folha apurou, as
apurações de Deuler da Rocha
prometiam implicar o executivo
Ricardo Sérgio de Oliveira nas
suspeitas de irregularidades que
contaminaram a privatização da
telefonia no país. Ricardo Sérgio é
ex-diretor do Banco do Brasil
(BB) e um dos amigos de Serra no
mercado financeiro.
O ex-senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL-BA) diz que ouviu de Daniel Dantas, dono do
banco Opportunity, e de Carlos
Jereissati, dono do grupo La Fonte, que Ricardo Sérgio cobrara
propina de R$ 90 milhões durante
a privatização. Seria o pedágio
por unir a Previ, fundo de pensão
do BB, ao consórcio que levou a
Telemar, onde também estão
Dantas e Jereissati. O ex-diretor
sempre negou a acusação.
José Roberto Santoro e Marcelo
Itagiba fazem parte da tropa de
choque de Serra no aparato policial e de investigação. Os dois já
estiveram juntos antes.
Em 2000, enquanto Santoro
promovia ações judiciais de interesse do então ministro José Serra
na área da saúde, Itagiba coordenava uma equipe instalada na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para investigar
laboratórios.
Ex-assessor especial de Serra no
Ministério da Saúde, nos dois
anos anteriores, o delegado Itagiba havia demonstrado grande desenvoltura no exercício de suas
funções. No dia 9 de março de
1999, por exemplo, representou o
então ministro numa reunião
com a diretoria da Abifarma (Associação Brasileira da Indústria
Farmacêutica).
Foi propor aos donos e dirigentes de laboratórios brasileiros que
investissem dinheiro numa entidade não-governamental a ser
criada para investigar e combater
a falsificação de medicamentos. A
proposta foi aprovada, segundo
ata da reunião.
Na Anvisa, no entanto, a missão
de Itagiba não foi longe. Por ordem de Serra, a gerência de segurança, que abrigava o delegado,
foi extinta em dezembro de 2000
quando descobriu-se que uma rede de espionagem havia vasculhado a vida de funcionários do Ministério da Saúde.
O delegado é casado com uma
prima do embaixador Andrea
Matarazzo, amigo de Serra.
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