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RETÓRICA OFICIAL
Lula afirma que o povo está do lado do homem e não de quem governa
"Governante não pode ser personagem"
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A CORONEL FREITAS (SC)
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse ontem que o governante não pode virar um personagem
e que "o povo nunca está com o
governante, mas com o homem".
A afirmação foi feita no estádio
municipal de Coronel Freitas, a 16
km de Chapecó, onde Lula falou
sobre o pacote que o governo
anunciou no dia 11 para socorrer
agricultores em dificuldades por
causa da seca no Sul do país.
Dos 293 municípios catarinenses, 145 declararam estado de
emergência por causa da seca, de
acordo com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul). Os
prejuízos atingem aproximadamente R$ 820 milhões.
"Nós temos consciência de que
o exercício do mandato é muito
temporário e o governante não
pode nunca deixar de ser ele mesmo para se transformar no personagem governante", afirmou.
"Porque, se assim o fizer, quando
terminar seu mandato ele vai
olhar para frente, para trás e para
os lados e vai se perguntar: "Onde
estão todos aqueles meus companheiros que batiam nas minhas
costas, onde estão aqueles que
pensei que estavam comigo quando eu estava no poder?'".
"E ele vai perceber que o povo
nunca está com o governante, o
povo está com o homem. O povo
está não com o presidente da República ou com o governador, ele
está com o cidadão Luiz Inácio
Lula da Silva ou com o cidadão
Luiz Henrique pelo seu comportamento, pelo seu compromisso,
pela sua história e pelas coisas que
pretende realizar."
De acordo com pesquisa Datafolha publicada em dezembro, o
governo do presidente Lula era
avaliado como ótimo ou bom por
45% dos entrevistados. A sua
imagem pessoal, entretanto, está
mais bem avaliada que seu governo: 54% disseram acreditar que o
presidente trabalhava muito.
A declaração do presidente foi
feita logo depois de ele observar
que "só tem preocupação com isso [a seca] quem não sabe o que é
a seca, quem não sabe o que é ver
seu único animal, a cabrinha ou a
vaquinha, que dá o leite para seu
filho, morrer de sede".
Sonho
Lula elogiou seu próprio governo pela criação do seguro-agrícola e aproveitou para criticar, mais
uma vez, "a elite deste país", que
não pôs em prática tal projeto.
O presidente admitiu, porém,
que ainda há muito a fazer na reforma agrária. "Eu sei que nós estamos longe ainda de completar
as realizações que todos nós sonhamos. Um sonho que não foi
construído por mim nem por nenhum de vocês, mas pelo acúmulo das experiências dos movimentos sociais deste país", disse.
Erechim
Em meio às expectativas acerca
da reforma ministerial, Lula afirmou ontem, em Erechim (391 km
de Porto Alegre) que, "de vez em
quando, é importante distensionar a alma e ficar mais leve". A cidade é uma das mais castigadas
pela estiagem no Sul do país.
Lula fez essa declaração ao pedir
que o menino Luan Peterson da
Conceição, 9, cantasse a música
"Querência Amada", famosa entre os gaúchos. O menino cantou
e foi acompanhado pelas 5.000
pessoas que presenciaram o discurso e o anúncio de alguma novidade a respeito de compensações pelas perdas com a seca. Lula
não prometeu nada além do R$
1,2 bilhão já anunciado.
Colaborou LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Erechim (RS)
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