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PP decide "blindar" Severino e evitar
deputado petista na Mesa da Câmara
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião de suas principais
lideranças anteontem à noite, o
PP decidiu "blindar" o presidente
da Câmara, Severino Cavalcanti
(PE), e evitar a possibilidade de o
PT assumir um cargo na Mesa Diretora em decorrência da ida do
segundo-vice-presidente da Casa,
Ciro Nogueira (PI), para o ministério de Lula.
Com isso, Nogueira vai se licenciar da função, mas não renunciar. A renúncia abriria uma vaga
na Mesa, que poderia acabar nas
mãos de um petista ligado ao Palácio do Planalto.
Após a licença, a função de corregedor-geral, que também era de
Nogueira, será acumulada pelo
terceiro-secretário da Câmara,
Eduardo Gomes (PSDB-TO).
Mas o posto de segundo-vice
permanecerá vago -não há suplente para o caso de licença.
A fórmula foi acertada ontem
pela manhã durante encontro dos
integrantes da Mesa Diretora da
Câmara.
Inconvenientes
Na reunião de anteontem à noite, na casa do líder do PP, José Janene (PR), os partidários de Severino avaliaram que a presença de
um petista traria inconvenientes.
O principal deles: o PT tentaria,
inevitavelmente, exercer controle
sobre Severino e retirar dele sua
autonomia para colocar matérias
em votação.
Participaram da reunião Janene, Severino, Nogueira, João Pizolatti (SC) e Pedro Corrêa (PE),
presidente nacional do partido.
Desde que assumiu a presidência da Câmara, há pouco mais de
um mês, Severino tem se ocupado
mais das funções institucionais,
representando a Casa em eventos
e recebendo deputados. Também
preside sessões solenes.
Já as matérias mais controversas ele tem deixado para auxiliares, principalmente para o primeiro-vice-presidente, José Thomaz Nonô (PFL-AL), comandar.
Se um petista assumisse um lugar
na Mesa, o presidente da Câmara
teria de trabalhar dobrado para
conseguir ditar seu próprio ritmo
na Casa.
"Ficaria difícil explicar à sociedade como o presidente Severino,
que venceu a eleição pregando a
autonomia do Legislativo, cede
um lugar na Mesa para o PT",
afirma Janene.
Outro deputado que integra o
círculo mais próximo de Severino, reservadamente, afirmou que
o PP via na pretensão petista de
conseguir um lugar à Mesa a tentativa de "terceiro turno".
Tendo perdido a presidência da
Câmara, o partido estaria agora
oferecendo a Nogueira um ministério para abrir espaço no comando da Casa. "Isso nós não aceitaremos", disse o deputado.
Oficialmente, o PT afirma que
não há relação entre os dois temas: uma coisa é o ministério, outra, a Câmara dos Deputados.
"Ter uma vaga na Mesa não nos
preocupa. O PT é a maior bancada e sabe fazer valer seus direitos
na Câmara", afirmou o líder do
partido, Paulo Rocha (PA).
A possibilidade de um integrante da Mesa se licenciar é controversa. Não existe explicitamente
essa figura no regimento da Câmara. Isso abre margem para
contestação judicial.
Um argumento que poderia ser
utilizado, segundo a Folha apurou, é o da violação da separação
de Poderes.
A ida de Nogueira para o governo significaria, em tese, que um
ministro formalmente integra a
direção da Câmara.
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