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TERRA SEM LEI
Depoimento foi mudado
Acusados reafirmam que Bida foi mandante
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
Depois de passarem quase nove
horas prestando depoimento anteontem, dois dos três acusados
de terem assassinado a missionária Dorothy Stang recuaram de
suas versões iniciais e voltaram a
apontar o fazendeiro Vitalmiro
Bastos de Moura, o Bida, 34, como o mandante do crime que
ocorreu em 12 de fevereiro passado. Eles também reafirmaram
que receberiam R$ 50 mil pelo assassinato da missionária.
Na primeira versão, prestada
pela manhã e início da tarde de
terça, ao juiz Lucas do Carmo de
Jesus, Rayfran das Neves Sales
(Fogoió), 27, e Clodoaldo Carlos
Batista (Eduardo), 32, afirmaram
que o crime foi motivado por disputa de terras entre eles, a missionária e alguns posseiros da região,
sem a participação do fazendeiro
e sem a promessa de pagamento.
À noite, por volta das 22h, os
acusados pediram para ser reinquiridos e desmentiram tudo. No
segundo depoimento, que terminou por volta da meia-noite, Fogoió afirmou que mentiu porque
foi convencido pelo intermediário do crime, Amair Feijoli da Cunha (Tato), 32, a inocentar o fazendeiro Bida, sob a promessa de
receber R$ 1.000 por mês.
Clodoaldo também foi convencido pela promessa de que seria
transferido para um presídio em
Vitória (ES), cidade natal dele,
além de receber ajuda financeira.
Os dois afirmaram que Tato fez as
promessas em nome do fazendeiro foragido durante o período em
que os três ficaram presos na
mesma cela no presídio Americano 3, a 100 km de Belém.
Segundo o coordenador do
Grupo Especial de Prevenção e
Repressão às Organizações Criminosas, Sávio Brabo, a seqüência de desmentidos mostra que a
defesa de Tato está trabalhando
para inocentar o mandante do
crime. "O objetivo era deixar os
três sozinhos e o Bida ficaria livre,
mas os dois viram que estavam se
complicando e abriram o jogo." O
promotor disse que não há dúvida de que Bida é o mandante.
Brabo disse que os advogados
de Tato e Bida ficaram surpresos
quando souberam que Fogoió e
Eduardo seriam ouvidos novamente. Os advogados negaram
qualquer combinação para favorecer Bida e chegaram a pedir ao
juiz que afastasse os promotores
do caso, alegando que os acusados foram pressionados. O pedido foi indeferido.
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