São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 2006

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Crise entre petista e pefelista ameaça relatório de CPI

VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

A uma semana do prazo para a apresentação do relatório final da CPI dos Correios, uma crise envolvendo o relator, Osmar Serraglio (PMDB-PR), e dois sub-relatores pode comprometer as conclusões sobre supostas irregularidades envolvendo fundos de pensão e até mesmo o relatório final da CPI.
O sub-relator da área, ACM Neto, acusou Serraglio de aceitar ingerência indevida dos três principais fundos de pensão (Petros, Funcef e Previ) para tentar desqualificar seu relatório.
A pedido do presidente do PT, Ricardo Berzoini (SP), e do relator-adjunto da CPI Maurício Rands (PT-PE), Serraglio se reuniu ontem com representantes dos três fundos. Recebeu um documento que questiona critérios e conclusões já apresentadas pela sub-relatoria comandada pelo pefelista.
Segundo ACM Neto, o relator teria prometido aos emissários que tão logo recebesse o relatório sobre os fundos o repassaria para Rands, que confrontaria as conclusões do pefelista com as justificativas apresentadas pelos fundos de pensão.
Serraglio admite que recebeu dos representantes dos fundos uma série de questionamentos sobre os critérios usados pela sub-relatoria.
Negou, porém, que vá submeter previamente o trabalho de ACM Neto ao crivo de Rands ou dos fundos. "Vou receber as pessoas e ver o que elas têm a dizer. O deputado Rands não vai mexer em uma vírgula do trabalho da sub-relatoria", afirmou.
Mesmo com a negativa de Serraglio, ACM Neto viajou para a Bahia sem entregar o relatório parcial. "Se os fundos questionaram qualquer coisa do relatório, Osmar tinha de ter me chamado e perguntado e não colocar o Rands, que nunca assistiu a um depoimento sequer da sub-relatoria de fundos, para arbitrar o que quer que seja", reclamou o pefelista.
Rands nega que tenha intermediado a posição dos fundos. Disse que levou os representantes ao relator para que pudessem expor suas divergências quanto ao trabalho de ACM Neto.
Segundo o petista, todos os relatórios parciais passarão por ele e pelo outro relator-adjunto, o tucano Eduardo Paes (RJ), que ajudam Serraglio a costurar o relatório final da CPI. "Os representantes dos fundos são atores institucionais que têm legitimidade de apresentar seus argumentos", afirmou.
O impasse foi levado ao presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS). Nos próximos dias, ele vai buscar uma saída negociada para que a crise de relacionamento não inviabilize a aprovação do texto final. A CPI deve adiar em dois dias a apresentação do relatório, que estava prevista para a próxima terça.


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